O governo dos Estados Unidos afirmou, por meio de porta-vozes e representantes diplomáticos, que não hesitará em usar seu “poder militar” e “econômico” para proteger a liberdade de expressão no mundo, incluindo o Brasil, em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). O posicionamento gerou forte condenação do governo brasileiro, que classificou as declarações como uma “ameaça” à soberania nacional, divulgando nota oficial do Ministério das Relações Exteriores nesta terça-feira, 9 de setembro.
Fala oficial dos EUA: ameaça de força e sanções
Durante coletiva de imprensa, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, ressaltou que o governo Trump considera a liberdade de expressão uma prioridade absoluta, garantindo que o presidente não hesita em utilizar o poderio econômico e militar dos Estados Unidos para defendê-la mundialmente. Questionada sobre o julgamento de Bolsonaro e possíveis ações adicionais contra o Brasil, Leavitt declarou que, por ora, não há novas medidas previstas, mas enfatizou que “ações significativas” já foram tomadas, como sanções econômicas, tarifas sobre exportações brasileiras e restrições de vistos a ministros do STF e autoridades do governo brasileiro.
Também circularam declarações do subsecretário de Estado para Diplomacia Pública, Darren Beattie, que reforçou o compromisso americano de adotar “as medidas cabíveis” contra abusos de autoridade que prejudiquem liberdades fundamentais, citando sanções e cassação de vistos aplicadas desde julho a autoridades do STF e da Procuradoria-Geral.
Posicionamento do Brasil: condenação e defesa da soberania
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou comunicado oficial repudiando qualquer ameaça ou interferência estrangeira nos assuntos internos do país, destacando que defender a democracia e respeitar a vontade popular exparessa pelas urnas é função dos três Poderes, que não se intimidarão por “qualquer forma de atentado à nossa soberania”.
A ministra Gleisi Hoffmann, de Relações Institucionais, também criticou publicamente as falas do governo americano, classificando como inaceitável a articulação da família Bolsonaro para a imposição de sanções contra o Brasil, e denunciando o que chamou de “conspiração” e “tentativa de coagir a Justiça brasileira”.
Contexto do julgamento de Bolsonaro
O STF retomou nesta semana o julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus considerados núcleo central da trama golpista. O ministro relator Alexandre de Moraes votou pela condenação em cinco crimes graves, incluindo golpe de Estado e organização criminosa armada, e as manifestações americanas ocorreram no momento da votação, aumentando a tensão diplomática e política.
Reações e consequências
Aliados de Bolsonaro esperam novas sanções e ações dos EUA após o provável encerramento do julgamento pelo STF. Há expectativa de ampliação das tarifas, novas cassações de vistos e até imposição de medidas secundárias sobre setores estratégicos do Brasil. Parte das críticas ao governo americano aponta “instrumentalização” política da pauta da liberdade de expressão para pressionar a Justiça brasileira e interferir no processo democrático nacional.
Resumo das falas de Beattie e diplomatas americanos
- Darren Beattie (EUA): reiterou disposição de tomar medidas contra abusos de autoridade ligados à “censura” e sanções a membros do STF.
- Porta-voz Karoline Leavitt (Casa Branca): afirmou que Trump “não hesita” em usar poder militar e econômico pelo que chama de “liberdade de expressão”, mas reiterou não haver ações adicionais no momento.

