Investigação da Polícia Federal (PF) revelou que trajetos de jatos executivos usados por integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) coincidem diretamente com rotas feitas por Antonio Rueda, presidente nacional do União Brasil.
Os aviões, administrados pela empresa Táxi Aéreo Piracicaba (TAP), estão na mira da PF por suspeita de serem usados para transportar líderes e operadores do esquema criminoso, especialmente no setor de combustíveis.
Depoimento do piloto liga jatos a Rueda
Mauro Caputti Mattosinho, ex-piloto da TAP, afirmou em depoimento que os jatos eram associados a Rueda, apelidado internamente de “Ruedinha”. Segundo ele, a empresa de táxi aéreo vivenciou um “boom” com investimentos milionários para incorporar quatro aeronaves, cujas rotas coincidem com compromissos internacionais e nacionais do dirigente político.
Mattosinho declarou ainda que transportou com frequência dois dos principais investigados no esquema: Mohamad Hussein Mourad, o Primo, e Roberto Augusto Leme Silva, conhecido como Beto Louco — ambos foragidos e apontados como líderes do esquema ligado ao PCC.Jatos e rotas internacionais
Entre os aviões investigados está um Gulfstream G200 (matrícula PS-MRL), cuja rota mostrou viagem para Lisboa, em Portugal, durante o Fórum de Lisboa, conhecido como “Gilmarpalooza”, entre 1º e 5 de julho de 2025. O jato saiu de São Paulo em 30 de junho e retornou após o evento. Fontes confirmam a presença de Rueda em reuniões paralelas ao fórum.
Outra aeronave, um Gulfstream G500, também foi ligada a Rueda. Dados do transponder indicam voo de Campinas, passando por Brasília, com destino a Mykonos, na Grécia, onde o dirigente comemorou seu aniversário em agosto, evento que reuniu políticos, artistas e empresários de destaque. Posteriormente, o avião seguiu para Turquia, Roma e retornou ao Brasil.
Negação de Rueda e posicionamento oficial
Antonio Rueda nega ser proprietário das aeronaves ou ter participação financeira nelas. Em nota, afirmou: “Nunca participou da compra de nenhuma. Nunca foi e não é dono de nenhuma aeronave ou de participação em qualquer uma”. Defendeu que suas movimentações financeiras estão disponíveis para autoridades e classificou as denúncias como “vazias, politizadas” e “sem lastro”.
Ele reconheceu já ter voado em aeronaves privadas como convidado ou em voos fretados, sempre com pessoas idôneas, e afirma que normalmente viaja em voos comerciais. A repercussão do caso levou o União Brasil a acelerar seu desembarque do governo Lula, repercutindo politicamente.
Contexto da investigação
O caso ganhou força após megaoperação da PF contra o PCC no final de agosto de 2025, que revelou infiltração da facção criminosa nos setores financeiro e de combustíveis. A suspeita da PF é de que os aviões, em nome de terceiros e fundos de investimento, são usados para deslocamentos dos operadores do crime, incluindo voos internacionais.
Apesar da menção direta de seu nome nas investigações por depoimentos e provas do uso das aeronaves, Rueda ainda não é formalmente investigado, mas seu envolvimento está sob apuração.

