Governador avalia que tarifaço e a ação de Eduardo Bolsonaro junto ao governo dos EUA inviabilizam candidatura a presidente
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a enfatizar em conversas reservadas com aliados próximos que decidiu de vez, não disputar a Presidência da República em 2026.
Tarcísio deixava em aberto a possibilidade de uma candidatura nacional, mas sempre deu preferência, junto ao seu entorno, para disputar a reeleição ao governo de São Paulo. No dia 17, depois da condenação de Bolsonaro, deu entrevista alertando que concorreria à reeleição.
Ele tem reafirmado lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e deve visitá-lo em prisão domiciliar na segunda-feira (29) e comunicar pessoalmente a sua decisão.
O governador deixa claro que ficará fora da corrida presidencial diante de um cenário de fragmentação da direita nacional.
Tarcísio avalia que a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na articulação das sanções aplicadas pelos Estados Unidos ao Brasil contribuiu para dividir a direita.
Ele atribui a essa movimentação a recuperação da aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que até junho enfrentava desgaste e queda de popularidade.
Além da fragmentação da direita, ele tem levantado novos fatores que pesam em sua decisão, como o risco de depender do apoio da família Bolsonaro para viabilizar uma candidatura nacional.
Tarcísio põe na balança o fato de que se entrasse na disputa presidencial, teria de deixar o cargo de governador até abril de 2026, por exigência da legislação eleitoral. Neste caso ficaria sem mandato e a mercê do humor dos filhos e do próprio Bolsonaro. Além disso, o cenário de incerteza sobre uma unidade nacional da direita e a possibilidade de perder respaldo dos Bolsonaros pesam para que Tarcísio consolide sua candidatura para reeleição, que não depende de fatores externos e nem exige que ele deixe o cargo em meados de 2026.
No auge do tarifaço, em julho, Tarcísio chegou a participar de uma reunião virtual com Eduardo Bolsonaro e o youtuber Paulo Figueiredo — aliado do deputado.
Na ocasião, alertou que as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil trariam consequências negativas para a direita, fortaleceriam Lula e, ao final, obrigariam Donald Trump a adotar uma solução pragmática diante da pressão do setor produtivo americano. Esse cenário acabou se confirmando.
Ainda assim, Eduardo Bolsonaro manteve ataques ao governador paulista e segue dizendo nas redes sociais que será candidato ao Planalto em 2026, caso Bolsonaro não possa ser candidato, o que é praticamente dado como certo.
Tarcísio também tem reiterado a aliados que não pretende deixar o Republicanos para se filiar ao PL, como chegou a sugerir o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto.
Com a saída de Tarcísio da disputa nacional a direita passa a procurar entre Michelle Bolsonaro, a melhor avaliada nas pesquisas, Ratinho jr. , Ronaldo Caiado e até Eduardo Bolsonaro uma nova via para concorrer contra a reeleição de Lula.

