Operação contra o Comando Vermelho prende 12 na Cidade de Deus e outras favelas do Rio

Nesta segunda-feira (29), uma grande operação conjunta das polícias Civil e Militar, em colaboração com o Ministério Público do Rio de Janeiro, mobilizou centenas de agentes para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão nas comunidades da Gardênia Azul e Cidade de Deus, na Zona Oeste da capital fluminense.

A ação, batizada oficialmente como CDD Gardênia, visa conter o avanço territorial do Comando Vermelho (CV), facção criminosa acusada de usar violência armada, expulsar moradores, intimidar a população e implementar sistemas de monitoramento por drones para evitar as investidas policiais.

As comunidades Gardênia Azul e Cidade de Deus são consideradas estratégicas na logística de distribuição e expansão da facção na Zona Oeste do Rio, segundo as investigações conduzidas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Capital, 32ª DP (Taquara) e 41ª DP (Tanque), com apoio do Gaeco/MPRJ.

Ao longo da manhã, forças de elite como Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) e o Batalhão de Ações com Cães participaram da investida. Equipes da Polícia Civil do Pará também atuaram, devido à presença de foragidos naquela região e a articulação interestadual da quadrilha.

Segundo as investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Capital (DRE-Cap), da 32ª DP (Taquara), da 41ª DP (Tanque) e do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), “as células atuantes na Gardênia Azul e na Cidade de Deus desempenham papel fundamental na logística de expansão do Comando Vermelho em toda a região”.

A força-tarefa destaca também que os traficantes utilizam violência armada para intimidar a população e até para expulsar moradores. Os bandidos também têm drones para monitorar incursões policiais.

Durante a operação, criminosos reagiram com tiros e tentaram obstruir o avanço das forças policiais incendiando barricadas nas principais vias do bairro, especialmente na Avenida Tenente-Coronel Muniz de Aragão e Avenida Ayrton Senna, afetando o trânsito e obrigando ônibus a mudarem seus trajetos.

Chaves de ônibus foram furtadas por criminosos para improvisar barreiras e dificultar o acesso dos agentes. Em determinado momento, um motorista de ônibus foi feito refém, mas liberado sem ferimentos após o grupo ser rendido.

Ao menos 12 pessoas haviam sido presas, entre elas uma jovem apontada como ligação entre criminosos do Rio e do Pará. Houve apreensão de armas, incluindo um fuzil e uma pistola, drogas e dinheiro em espécie. Uma motocicleta roubada foi recuperada durante a operação.

Mandados para busca e apreensão seguem sendo cumpridos, com 18 ordens judiciais expedidas pela 2ª Vara Criminal de Jacarepaguá, e 22 pessoas já denunciadas formalmente pelo Ministério Público por associação ao tráfico.

As equipes continuam nas comunidades e podem ocorrer novas prisões nas próximas horas, diante do mapeamento da facção realizado pelo setor de inteligência das polícias envolvidas.

Moradores relataram medo diante dos confrontos e das ações de represália do tráfico, sendo orientados a permanecer em casa durante os bloqueios e tiroteios.

As linhas de ônibus seguem alteradas e o policiamento deve ser reforçado na região até a conclusão da operação.

O Ministério Público e as forças policiais destacam que o objetivo principal é desarticular núcleos armados da facção, prender lideranças envolvidas em homicídios, tráfico de drogas e ataques a agentes de segurança, e restaurar a tranquilidade das comunidades atingidas pelo domínio do Comando Vermelho.


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