Metanol na bebida: Ministrão comprou garrafas sem nota de vendedor de rua

O bar Ministrão, situado na Alameda Lorena, no bairro dos Jardins, em São Paulo, tornou-se centro de uma grande operação policial e sanitária após denúncias de venda de bebidas adulteradas.

A confissão do gerente, José Rodrigues, admitindo ter adquirido parte do estoque de um vendedor de rua sem nota fiscal, desencadeou uma série de ações das autoridades a partir do dia 30 de setembro de 2025, quando o estabelecimento foi interditado por risco iminente à saúde pública.

Linha do tempo dos fatos

Na segunda-feira, 29 de setembro de 2025, a força-tarefa envolvendo Polícia Civil, Vigilâncias Sanitárias municipal e estadual, Procon e Ministério Público iniciou operações em bares da capital e da Grande São Paulo, em resposta ao aumento de casos de intoxicação por metanol.

No bar Ministrão, foram apreendidas mais de 100 garrafas de bebidas destiladas suspeitas de adulteração. No dia seguinte, 30 de setembro, a interdição do bar foi decretada após o laudo preliminar indicar a presença de metanol em parte das bebidas oferecidas ao público.

A confissão e o depoimento do gerente

O gerente José Rodrigues, há 22 anos à frente do bar, foi conduzido à delegacia. Em depoimento, ele afirmou que as compras de vodka eram feitas de maneira informal, diretamente de vendedores ambulantes, alegando desconhecimento sobre a possível adulteração dos produtos. “Jamais eu compraria um negócio falso. Fiquei triste porque o laudo saiu dizendo que tinha metanol. Até a gente não tem conhecimento sobre isso”, declarou. O gerente admitiu que parte do estoque estava sem nota fiscal, mas negou ter ciência da adulteração.

Consequências e repercussão

O caso ganhou destaque pois o Ministrão, conhecido como ponto de encontro em horários de almoço e happy hour, tornou-se símbolo de um problema maior: a circulação de bebidas sem procedência no mercado formal.

A operação resultou também em interdições de outros bares na capital e no ABC paulista. Até a data de 1º de outubro de 2025, pelo menos cinco mortes por intoxicação por metanol foram registradas na cidade de São Paulo, com outros casos suspeitos em investigação.

Tais episódios elevaram o alerta de órgãos públicos para o risco do comércio ilegal de bebidas adulteradas e motivaram a abertura de inquérito policial e federal sobre a ligação do esquema com o crime organizado.

Investigação e procedimentos futuros

A Polícia Civil e a Vigilância Sanitária continuam analisando as amostras das bebidas apreendidas. O bar pode ser alvo de processos administrativos e criminais, com penalidades que vão de multa até cassação do alvará.

O Ministério da Justiça recomendou atenção redobrada a estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas, com ênfase em sinais de adulteração, como lacres tortos e preços muito abaixo do mercado.

A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar as origens do metanol nas bebidas e possíveis conexões com organizações criminosas. O Ministério da Saúde determinou a notificação imediata de todos os novos casos de intoxicação, temendo que a rede de distribuição extrapole os limites do estado de São Paulo.

Reação do setor e dos clientes

Frequentadores do Ministrão manifestaram indignação e preocupação diante do risco à saúde pública.

O setor de bares e restaurantes reforça a importância de uma cadeia de fornecedores regularizada, enfatizando que a elevada carga tributária não justifica a adoção de práticas ilegais.

O caso segue sendo acompanhado de perto pelas autoridades e pela opinião pública, que espera novos desdobramentos em breve.


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