Conselheiro de Trump diz que não vai “descansar até Moraes ser preso”

O estrategista político norte-americano Jason Miller, conselheiro sênior de Donald Trump, voltou a provocar polêmica neste sábado (11) ao declarar que só “descansará” quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes for “preso e julgado por seus crimes contra a liberdade”.

A fala, publicada em sua conta na rede social X (antigo Twitter), repercutiu imediatamente no Brasil e reacendeu discussões sobre interferências e ataques externos ao Judiciário brasileiro.A declaração e o contexto políticoMiller escreveu que “a prisão de Moraes será o primeiro passo para restaurar a democracia no Brasil” e que “nenhum homem deve estar acima da liberdade de expressão”.

A postagem foi feita em reação a uma mensagem de Eduardo Bolsonaro sobre a prisão do ex-assessor Filipe Martins, acusando o ministro do STF de perseguição.

Desde 2021, Miller faz críticas sistemáticas ao Supremo e aos ministros brasileiros, especialmente a Moraes, a quem acusa de censura.Reações no BrasilA nova declaração foi recebida com indignação por autoridades brasileiras. Integrantes do Supremo consideraram o ataque “inaceitável” e “uma afronta à soberania nacional”.

Segundo fontes do Tribunal, o gabinete de Moraes avalia se o caso configura crime de incitação contra autoridade pública, o que pode gerar medidas judiciais.Nos bastidores de Brasília, diplomatas pediram cautela, ressaltando que o comentário parte de uma figura que não tem cargo oficial no governo norte-americano, mas cuja proximidade com Trump costuma gerar repercussões políticas internacionais.

O Itamaraty também monitora o caso. O Ministério das Relações Exteriores não emitiu nota oficial até o momento, mas interlocutores avaliam que o Brasil poderá acionar canais diplomáticos caso as ofensas se intensifiquem.

A fala de Jason Miller foi interpretada como mais um capítulo da campanha internacional de deslegitimação de instituições brasileiras por parte de setores alinhados ao trumpismo.

Analistas de relações internacionais veem que, mesmo sem função formal, Miller exerce influência simbólica sobre grupos políticos conservadores na América Latina.

A embaixada dos Estados Unidos em Brasília seguiu sem comentar oficialmente o episódio, reafirmando que opiniões de indivíduos não refletem a posição do governo norte-americano.Moraes e as investigações em cursoAlexandre de Moraes, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segue à frente de inquéritos sobre uma rede internacional de desinformação voltada a desacreditar o sistema eleitoral brasileiro.

O ministro também conduz investigações sobre os ataques de 8 de janeiro de 2023 e financistas estrangeiros desses atos.

Se a Procuradoria-Geral da República entender que há incitação à violência contra autoridade nacional, Jason Miller pode ser incluído como alvo de investigação, mesmo residindo no exterior. Fontes ligadas ao Supremo afirmam que o tribunal “não deixará sem resposta” ataques que incentivem a perseguição de magistrados.

Enquanto isso, a oposição governista no Congresso aproveitou a fala do americano para defender a soberania das instituições brasileiras e acusar setores estrangeiros de interferência. O episódio aumenta o clima de tensão entre bolsonaristas e o Judiciário, em um momento em que o Brasil se prepara para o ciclo eleitoral de 2026.


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