Andry Rajoelina deixou Madagascar após militares se unirem ao grupo de jovens nas ruas e assumirem o controle das Forças Armadas do país. Manifestações da chamada Gen Z vêm ocorrendo em vários países nos últimos meses
Autoridades de Madagascar anunciaram nesta segunda-feira (13) que o presidente Andry Rajoelina fugiu do país neste domingo (12), depois que militares rebeldes assumiram o controle das Forças Armadas.
Siteny Randrianasoloniaiko, líder da oposição no Parlamento, contou à agência de notícias Reuters que Rajoelina deixou Madagascar depois que unidades do exército desertaram e se juntaram aos manifestantes da Geração Z, que vem realizando protestos pelas ruas do país desde 25 de setembro.
“Ligamos para a equipe da presidência e eles confirmaram que ele deixou o país”, disse ele, acrescentando que o paradeiro atual do presidente ainda é desconhecido.
A Geração Z é o nome dado ao grupo de pessoas nascidas entre 1995 e 2009. É a primeira geração considerada nativa digital, pois cresceu em meio à internet, e costuma ser mais crítica e engajada em debates sobre diversidade, sustentabilidade e política.
Nos últimos meses, esse grupo também protagonizou manifestações no Quênia, Indonésia, Nepal, Filipinas, Peru e Marrocos.
No Nepal, os protestos levaram à derrubada do primeiro-ministro. No Peru, contribuíram para a queda da presidente Dina Boluarte.
Nas ruas de Antananarivo, capital do país, os jovens da Geração Z se uniram para seguir os protestos e comemorar a notícia. Milhares se reuniram em uma praça gritando:
“O presidente deve renunciar agora”.

O gabinete do presidente, que havia dito anteriormente à agência de notícias que Rajoelina se dirigiria à nação às 19h desta segunda-feira, não respondeu aos pedidos para comentar a fuga.
Com a saída de Rajoelina do país, quem irá assumir suas funções até que novas eleições sejam realizadas é o presidente do Senado.
O atual, foco de indignação pública durante os protestos, foi destituído de suas funções nesta segunda e um novo nome já foi indicado para ocupar seu lugar temporariamente, informou a casa em um comunicado: Jean André Ndremanjary.
Os militares declararam, em vídeo, que “todas as ordens do exército malgaxe, sejam terrestres, aéreas ou marítimas, partirão do quartel-general do CAPSAT”, sigla que identifica o contingente de oficiais administrativos e técnicos.
No sábado (11), o grupo de militares havia se juntado a manifestantes antigovernamentais em Antananarivo, capital da ilha, que registrou os maiores protestos desde o início das manifestações.

