O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) xingou publicamente, em evento oficial no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (15), deputados e senadores a quem declararou serem de ” baixo nível”.
Lula disparou que o atual nível do Congresso Nacional é ruim, afirmando que “nunca teve a qualidade de baixo nível que tem agora”. A fala ocorreu durante a comemoração do Dia dos Professores e foi direcionada ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, presente no palco das autoridades.
Durante seu discurso, Lula se referiu diretamente à atuação da oposição, apontando que “aquela extrema-direita que se elegeu na eleição passada é o que existe de pior”.
O comentário se deu num contexto de tensão e sucessivas derrotas do governo no Congresso, como a recente rejeição da MP 1.303, conhecida como “MP da Taxação”, que propunha aumento de impostos sobre setores mais ricos e buscava ampliar a arrecadação para fechar o orçamento de 2026.
Reação do Congresso e do Governo
O evento ficou marcado por vaias do público ao presidente da Câmara, Hugo Motta, especialmente em razão da proposta de anistia a condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.
Lula demonstrou apoio a Motta, mas reforçou o tom crítico à atual composição do Legislativo. Paralelamente, o próprio presidente lamentou derrotas legislativas recentes, dizendo que “não derrotaram o governo, derrotaram o povo brasileiro”, evidenciando o impacto das decisões do Congresso em pautas de interesse dele próprio.
Impacto no Processo Legislativo
Os dados mostram que, em seu terceiro mandato, Lula enfrenta o pior aproveitamento parlamentar desde a redemocratização: apenas 25% das matérias enviadas pelo Executivo ao Congresso foram convertidas em lei entre 2023 e outubro de 2025. Esse desempenho é inferior ao dos mandatos anteriores do próprio presidente e de seus sucessores diretos. Lula tem atribuído essa resistência a uma “pobreza de espírito” para lidar com pautas centrais, além de criticar aliados que atuam contra propostas do governo federal.
Após perder votações importantes, o governo iniciou uma reestruturação em sua base de apoio no Congresso, com demissões no segundo escalão e pressão sobre partidos do Centrão. Nas redes sociais, o partido do presidente reforçou o discurso de sabotagem legislativa contra projetos de justiça fiscal e tributária, ressaltando conquistas como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.
A tensão recém-ampliada entre Executivo e Legislativo revela um cenário de disputa por protagonismo e determina o grau de dificuldade do governo Lula em aprovar suas agendas. As críticas do presidente à “baixa qualidade” do Congresso refletem insatisfação com o quadro parlamentar, predominantemente formado por grupos de centro-direita, e reforçam o desafio de articulação política diante de fragmentação e resistência ideológica.
A fala de Lula sobre o “pior nível do Congresso Nacional” se soma a episódios de crise institucional, derrotas legislativas e instabilidade na relação com partidos aliados, demonstrando que a governabilidade segue sob intenso escrutínio e negociação.

