BC mantém juros em 15% ao ano, pela terceira vez seguida

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira(5), por unanimidade, manter a taxa básica de juros Selic em 15% ao ano. Essa é a terceira vez consecutiva que a taxa permanece nesse patamar, o mais alto desde julho de 2006, quando estava em 15,25% ao ano. A decisão, amplamente esperada pelo mercado financeiro, foi tomada em meio a uma conjuntura econômica marcada por incertezas internas e externas.

O Banco Central reforçou que o cenário internacional continua incerto, com impactos significativos da política econômica dos Estados Unidos e das tarifas comerciais impostas ao Brasil, que afetam as condições financeiras globais. No âmbito interno, embora a atividade econômica tenha desacelerado, o mercado de trabalho mostra resiliência e o consumo permanece elevado. Além disso, setores como o de serviços continuam pressionando os índices de preços, o que impede uma queda mais rápida da inflação.

De acordo com o comunicado oficial do Copom, a manutenção dos juros em 15% tem como objetivo assegurar a convergência da inflação à meta de 3%, dentro do horizonte relevante. O comitê destacou que manterá uma postura vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de alta, caso julgue necessário, diante da volatilidade das expectativas inflacionárias, que podem oscilar tanto para cima quanto para baixo. O Banco Central também afirmou que essa estratégia é suficiente para acomodar os riscos atuais e garantir a estabilidade econômica no médio prazo.

O boletim Focus, pesquisa semanal com economistas e analistas do mercado, projeta que a taxa Selic permanecerá em 15% até o final de 2025 ou início de 2026, com cortes previstos apenas a partir do próximo ano. As expectativas de inflação para 2025 estão ligeiramente melhores, com o IPCA projetado em 4,55%, mas ainda acima do teto da meta, fixado em 4,5%.

A decisão reafirma a prioridade do Banco Central em usar a política monetária como principal instrumento para controlar a inflação, mesmo que isso implique juros elevados por um período prolongado, a fim de garantir a estabilidade dos preços e o equilíbrio econômico no longo prazo. O mercado financeiro e a sociedade permanecem atentos às próximas reuniões do Copom — especialmente a última do ano, marcada para dezembro —, que poderá apresentar novas diretrizes conforme a evolução dos indicadores econômicos.


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