Presidente da Alerj é preso por suspeita de vazamento de informações de TH Joias

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi preso preventivamente na manhã desta quarta‑feira (3) pela Polícia Federal, alvo da Operação Unha e Carne.

A investigação apura suspeita de que ele tenha vazado informações sigilosas da Operação Zargun, deflagrada em setembro e responsável pela prisão do então deputado estadual Thiego de Oliveira, o TH Joias.

O mandado de prisão preventiva de Bacellar e os 8 mandados de busca e apreensão foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, no âmbito de inquérito na Corte em razão do foro por prerrogativa de função do parlamentar.

Caberá ao STF analisar os relatórios da PF e decidir se o caso evolui para denúncia formal por violação de sigilo funcional, obstrução de investigação e possível favorecimento pessoal.

A operação foi deflagrada nas primeiras horas da manhã, por volta das 6h, quando equipes da PF saíram às ruas no Rio de Janeiro para cumprir os mandados contra o presidente da Alerj e outros alvos ligados a ele.

Bacellar foi detido em casa e levado para sede da Polícia Federal no Rio, onde passou por exame de corpo de delito e foi colocado à disposição do STF para audiência de custódia e eventuais medidas cautelares adicionais.

Suspeita de vazamento da Operação Zargun

De acordo com a PF, os investigadores encontraram indícios de que Bacellar teve acesso antecipado a informações sigilosas da Operação Zargun, que mirava um esquema de corrupção envolvendo o então deputado TH Joias, e repassou detalhes da ação a terceiros.

A suspeita é de que esse vazamento possa ter atrapalhado diligências, interferido em prisões e permitido a destruição de provas, o que configuraria crime e justificaria a prisão preventiva para garantir a continuidade das investigações.

Além da prisão de Bacellar, a Operação Unha e Carne cumpre 8 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao deputado e a supostos intermediários, além de 1 mandado de intimação para cumprimento de medidas cautelares diversas da prisão.

O material apreendido — celulares, computadores e documentos — será periciado para verificar o caminho das informações e identificar quem mais teria participado do vazamento, o que pode levar à inclusão de novos investigados no inquérito que tramita no STF.

Impacto político na Alerj

A prisão do presidente da Alerj atinge o comando da Casa e abre uma crise na linha sucessória do Legislativo fluminense, já pressionado por outros escândalos de corrupção nos últimos anos.

Pelo regimento interno, o vice‑presidente da Assembleia deve assumir interinamente enquanto durar o afastamento de Bacellar, mas líderes partidários já discutem, nos bastidores, se será necessária uma eleição para recompor a Mesa Diretora caso a prisão se prolongue ou venha acompanhada de pedido formal de afastamento do mandato.

TH Joias

Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, foi preso no dia 3 de setembro por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, suspeito de negociar armas e acessórios para o Comando Vermelho (CV).

TH Joias foi alvo de 2 operações simultâneas, de investigações convergentes.

Uma cumpriu mandados expedidos pela Tribunal Regional Federal; outra, pelo Tribunal de Justiça do RJ.

A PF diz ter identificado “um esquema de corrupção envolvendo a liderança da facção no Complexo do Alemão e agentes políticos e públicos”. Para o MPRJ, TH utilizou o mandato para favorecer o Comando Vermelho, inclusive nomeando comparsas para cargos na Alerj.


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