Carlos Viana promete voltar “ainda mais forte” da cirurgia

Presidente da comissão que investiga fraudes na Previdência fará cirurgia hoje

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), será submetido, neste sábado (5), a uma cirugia para a retirada de um tumor do tipo Gist — um câncer raro — na parte externa do estômago. O procedimento será realizado em um hospital particular de Belo Horizonte.

Na noite de quinta-feira, ao encerrar a última sessão do ano da comissão, o parlamentar informou que a cirurgia já deveria ter sido feita, mas ele optou por permanecer à frente das investigações até a conclusão das atividades previstas para 2025.


Viana revelou que recebeu o diagnóstico em março e que, à época, a recomendação médica era de que o procedimento cirúrgico fosse realizado imediatamente. O senador, no entanto, decidiu seguir com a tarefa de comandar a comissão que apura fraudes bilionárias em descontos irregulares sobre benefícios de aposentados e pensionistas do INSS. “A medicina mandou eu parar. Mas o dever e o compromisso me disseram: continue”, afirmou durante a sessão, na qual agradeceu o apoio da família, colegas e equipe médica.

Segundo o parlamentar, o tumor está em fase controlada, sem comprometimento de outros órgãos. Ele explicou que tem feito acompanhamento constante e tratamento com quimioterapia oral desde março, o que contribuiu para reduzir o avanço da doença. Viana disse que pediu forças para conduzir os trabalhos até o fim do ano legislativo e que, com a etapa concluída, se dedicará à recuperação. “Noventa dias atrás, os médicos recomendaram que eu fosse imediatamente para uma cirurgia. Eu pedi a Deus que me sustentasse até hoje, até a última sessão do ano”, contou o parlamentar a seus pares. “Se Deus permitir, eu voltarei e voltarei ainda mais forte, porque enquanto houver um único aposentado injustiçado neste país, eu estarei nessa luta”, declarou.

Solidariedade

Ontem, pela manhã, o senador comunicou o fato aos seus seguidores, nas redes sociais, que foram inundadas por mensagens de solidariedade. “Em março, fui diagnisticado com um tumor externo do tipo Gist. Desde então, venho fazendo quimioterapia oral e, graças a Deus, o tratamento vem funcionando muito bem”, diz um trecho do comunicado. Nos comentários, diversos seguidores prestaram solidaridade.


Ele mesmo postou um vídeo, no qual narra o presente recebido de uma aposentada. “As coisas mais simples são as que mais me emocionam. Cheguei na CPMI e tinha uma sacolinha com um presente e uma carta escrita a mão por uma senhora. Ela deixou um livro para que eu possa ler durante o meu período de recuperação. Ela escreveu o quanto se sente honrada pela CPMI e pelo trabalho que estamos fazendo. Glória a Deus”, comentou, no vídeo, Viana, que é evangélico.

Ele também publicou um card em que confirma a cirurgia a ser realizada hoje:

A CPMI do INSS foi instalada em agosto e, logo na primeira reunião, elegeu Carlos Viana para a presidência, após disputa com o senador Omar Aziz (PSD-AM). À frente do colegiado, ele coordenou a aprovação de convocações, quebras de sigilos e oitivas envolvendo empresas e representantes ligados ao esquema de descontos irregulares que afeta milhares de segurados da Previdência Social. A atuação firme na condução das apurações foi citada por aliados como um dos motivos que levaram o senador a adiar o procedimento médico.

Carlos Viana foi eleito senador em 2018 e tem pautado seu mandato em temas como o desenvolvimento regional e o incentivo ao turismo em Minas Gerais como estratégia para reduzir a dependência econômica da mineração.

Ao encerrar a sessão, Viana afirmou que seguirá confiante na recuperação e no sucesso do tratamento. Os parlamentares prestaram solidariedade e desejaram pronta melhora ao presidente da comissão, que deve se licenciar do mandato durante o período pós-operatório.

Balanço

Na sessão de quinta-feira, o parlamentar fez um balanço dos trabalhos desde a instalação, em 20 de agosto. Ele lembrou que o colegiado ouviu 32 depoimentos em 51 reuniões. Houve quatro pedidos de prisão e 2841 requerimentos de convocação e quebras de sigilos apresentados. A comissão já recebeu mais de 250 gigas de arquivos.

Segundo Viana, a visibilidade dada ao esquema de descontos fraudulentos no INSS contribuiu para 10 prisões. O presidente adiantou que, no ano que vem, a comissão deve priorizar as irregularidades nos empréstimos consignados.


“Em fevereiro nós vamos fazer uma análise com o relator sobre em que pé está o relatório, que essa primeira fase ele já está trabalhando nele. Nós vamos saber se precisamos ainda de algumas oitivas. Caso não sejam necessárias, nós já entramos, entraremos imediatamente na questão dos bancos”, disse.

“Está mais do que claro, nós temos quase 2 milhões de aposentados do Brasil que não pediram empréstimo, reclamam o tempo todo e nem sabem muitas vezes que são vítimas desse juro escorchante de 20%, 22% ao mês.

Inicialmente, está previsto quea CPMI do INSS conclua os trabalhos até 28 de março, com a votação do relatório. Mas o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator, já informou que precisará de mais tempo para concluir o seu parecer, indicando que pedirá a prorrogação do prazo.


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