Vorcaro usou terrenos superfaturados e manobras com fundos de pensão para comprar banco Master

Leia tudo o que se sabe sobre a engrenagem que levou Daniel Vorcaro ao comando do Master

A teia financeira que permitiu a Daniel Vorcaro assumir o controle do então Banco Máxima — rebatizado posteriormente como Banco Master — tornou-se hoje um dos maiores escândalos corporativos e regulatórios do país. Documentos, reportagens e investigações oficiais apontam que a operação de aquisição, aprovada pelo Banco Central em 2018, teria sido montada com base em terrenos superfaturados e em recursos de fundos de pensão de servidores públicos, numa engenharia que agora está sob investigação da Polícia Federal, do próprio BC e da Comissão de Valores Mobiliários.

Os advogados do banqueiro rebatem todas as acusações e garantem que não houve fraude. Mas a cronologia da compra e o conjunto de operações imobiliárias que a sustentaram contam uma história bem menos linear.


A compra que começou com um aporte de R$ 50 milhões — e terrenos que se multiplicaram como mágica

Quando Vorcaro apresentou ao Banco Central sua proposta para assumir o controle do Banco Máxima, precisava demonstrar capacidade de aportar pelo menos R$ 50 milhões. A capitalização enviada ao BC, estava ancorada em receitas declaradas de empresas do grupo do banqueiro — receitas essas infladas por vendas de terrenos e projetos imobiliários cujos valores dispararam em tempo recorde, sem explicação econômica plausível.

O caso mais emblemático é o terreno em Jequitibá (MG). Registrado em 2015 por cerca de R$ 2,5 milhões, o mesmo conjunto de glebas virou objeto, em 2017, de uma operação de R$ 57 milhões com o FII São Domingos — uma valorização superior a 2.100% apesar de não haver construção realizada. O salto repentino irrigou o caixa da Viking Participações, empresa de Vorcaro, apresentada como responsável por quase R$ 90 milhões em receita operacional no ano.

Outro imóvel, em Santa Cruz Cabrália (BA), também registrou valorização de mais de 10.000% em pouco tempo. Esses números serviram de “lastro” para convencer o regulador de que o empresário possuía robustez financeira para assumir um banco.

O Banco Central aprovou a compra. O Máxima se tornou Master. Mas as cifras infladas tinham vida curta: logo entrariam no radar de jornalistas que fizeram as primeiras investigaçõese denúncias, auditores fiscais depois da notícia veiculada e por fim da polícia que foi obrigada a investigar o caso.

O caso final do Master foi parar no Supremo Tribunal Federal, onde o ministro Dias Toffoli impôs sigilo absoluto, inclusive sobre o contrato milionário de R$ 129 milhões da mulher e de filhos de Alexandre de Moraes.

Fundos de pensão: o dinheiro do servidor público como combustível oculto da operação

A engrenagem que sustentou a compra não se limitou aos terrenos turbinados. Há fortes indícios de que, de forma direta e indireta, recursos de fundos de pensão de servidores públicos foram direcionados a fundos imobiliários ligados ao grupo de Vorcaro, que por sua vez serviram de apoio contábil e financeiro à aquisição do banco.

O FII São Domingos — que comprou o terreno de Jequitibá com valorização explosiva — já tinha histórico de problemas: acumulava perdas de mais de R$ 100 milhões e era alvo de multas e processos na CVM. Mesmo assim, registrou o ativo mineiro como patrimônio próximo a R$ 70 milhões, reforçando a narrativa de capitalização do grupo.

Relatórios e inquéritos apontam ainda que cerca de R$ 1,9 bilhão de fundos de previdência estaduais e municipais foram aplicados em títulos ligados ao Master, sem proteção do Fundo Garantidor de Créditos. Em frentes paralelas, investigações falam em possíveis desvios de até R$ 500 milhões em estruturas financeiras que beneficiariam empresas conectadas ao banco e administradoras parceiras.

Para investigadores, a cadeia de FIIs, terrenos inflados e aportes de fundos públicos formava um tripé perfeito: patrimônio turbinado no papel, recursos de origem pulverizada e aparente legalidade.


Compliance Zero, liquidação do banco e o caso que chegou ao STF

As suspeitas ganharam escala com a Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal. Além do uso de ativos imobiliários supervalorizados, a PF apura emissão de títulos supostamente falsos, operações irregulares com fundos de previdência e possível organização criminosa para burlar o sistema financeiro.

O Banco Central decretou liquidação extrajudicial do Master, bloqueou bens de controladores e ex-administradores e apontou indícios graves de irregularidades sistêmicas. A complexidade do caso levou parte das investigações ao Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Dias Toffoli, que decidiu concentrar no STF a análise dos inquéritos envolvendo autoridades com foro.

As prisões de Daniel Vorcaro e de executivos ligados ao banco, e decisões posteriores permitindo soltura mediante medidas restritivas, ilustram a escalada do caso: de uma compra aparentemente regular, ele evoluiu para uma crise institucional envolvendo BC, CVM, PF e Supremo.


A defesa nega tudo — e diz que não houve “fraude de bilhões”

Apesar da avalanche de suspeitas, a defesa de Daniel Vorcaro sustenta que não há ilegalidade alguma. Afirma que as operações foram aprovadas pelos reguladores, que os terrenos tinham valor de mercado compatível e que a narrativa de fraude bilionária é fruto de investigações ainda inconclusas.

Os advogados também alegam que o empresário está sendo alvo de uma leitura distorcida das operações imobiliárias, e reforçam que nenhuma condenação definitiva foi estabelecida.


O caso ainda está aberto — mas o enredo é cada vez mais difícil de ignorar

As investigações seguem em andamento. Mas o mosaico formado por terrenos com valorização estratosférica, fundos de pensão usados como fonte indireta de capital, perdas bilionárias, multas da CVM, liquidação do banco e inquéritos no STF já posiciona o caso Vorcaro–Master como um dos episódios mais controversos do mercado financeiro brasileiro recente.

O que começou como uma compra celebrada como expansão do sistema bancário de médio porte hoje se apresenta como um roteiro de manual de engenharia financeira arriscada — ou, dependendo das conclusões da PF e da Justiça, de fraude em larga escala.

Até que os inquéritos cheguem ao fim, paira uma pergunta incontornável: como um terreno de R$ 2,5 milhões virou a chave para a compra de um banco?


2 comentários

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