O presidente do Suriname, Chan Santokhi afirmou nessa quarta-feira (5), para uma comitiva de empresários brasileiros que estão em Paramaribo, que o país já tem prospectados 12 bilhões de barris de petróleo e busca intensificar as relações comerciais com o Brasil.
O país vizinho, que faz divisa com o Brasil nos estado do Pará e Amapá, já tem uma refinaria de petróleo a pleno vapor e pretende ampliar seu parque. Segundo empresários brasileiros que estão em solo Surinamês, as tratativas com o governo federal para a aceleração do processo de intercâmbio comercial e de infraestrutura devem acontecer logo após as apurações do segundo turno das eleições.
“Com o apoio do governo do presidente Jair Bolsonaro, estamos com tratativas de implementação de uma via de negociações entre empresas brasileiras e surinameses, há alguns meses, desde o ano passado e agora, este diálogo aberto pode resultar em bons investimentos que vão certamente gerar renda e trabalho para ambos os povos” destacou um empresário do setor de aviação.
O próprio presidente Jair Bolsonaro visitou em janeiro deste ano, o Suriname e à Guiana, com foco nas recentes descobertas de grandes reservas de petróleo nos países vizinhos
Na oportunidade, Bolsonaro disse que a Petrobras poderia entrar no processo de exploração das novas reservas descobertas naqueles países.
Os setores de mineração e exploração sustentável de florestas, para produção de madeira também estão de olho nos futuros acordos comerciais entre os dois países. “Tanto os empreendedores brasileiros, quanto nós, que estamos investindo em nossa terra natal, temos boas expectativas de alavancarmos nosso negócios”, confidenciou um dos empresários surinameses que participam de reuniões com o empresariado brasileiro.
O setor ferroviário também está mirando a ampliação significativa dos investimentos nas negociações de duas vias.
O governo brasileiro quer expandir a malha ferroviária do país pela Amazônia visando cortar os custos logísticos e aumentar a competitividade na exportação de grãos e minérios.
Se todas as obras listadas forem de fato concretizadas no Brasil, serão adicionados quase 50 mil km de ferrovias à malha nacional, segundo o Ministério de Infraestrutura. Isso representaria um acréscimo de 165% aos atuais 29 mil km construídos — uma rede ampliada a passos lentos desde meados do século 19.
Até agora, a maior parte das ferrovias nacionais se expandiu fora da Amazônia, mas a região pode receber mais 4 mil km de trilhos por meio de concessões e outros 9,6 mil km via autorizações. Os investimentos privados previstos chegam a R$ 115 bilhões, todos de empresas brasileiras.
O investimento em infraestrutura deve impulsionar as exportações de commodities pelo Arco Norte, um corredor de estradas, portos e ferrovias cortando regiões de Amazônia e Cerrado e que recebe crescente atenção de governos e investidores. Dali, são mais curtas as distâncias e os custos até mercados da China, Europa ou acessíveis pelo Canal do Panamá.
Hoje, os portos do Arco Norte já exportam mais de 30% da soja e do milho brasileiros e importam taxas semelhantes de fertilizantes, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento.
As obras do Arco Norte também facilitariam o acesso às reservas minerais e de petróleo e gás natural descobertas em 2021 na Guiana e no Suriname. Só as reservas de gás em ambos os países ultrapassam os 283 bilhões de metros cúbicos — o equivalente às reservas do Peru, com 40% de sua matriz energética baseada no gás natural — e, por isso, despertam o interesse de companhias como a Petrobras, Exxon Mobil e Chevron.
No Arco Norte, já estão asseguradas a concessão de 1.537 km da ferrovia Norte-Sul, entre os estados de São Paulo e Pará, e a renovação do contrato de 892 km da Estrada de Ferro Carajás, entre o Pará e o Maranhão. Os recursos virão de aportes privados nacionais que somam R$ 11 bilhões, como da mineradora Vale e da operadora ferroviária Rumo Logística.
Ainda há a concessão e autorização para as obras de 888 km da Ferrovia de Integração Centro-Oeste, a Fico, entre o Mato Grosso e Goiás. Outros 646 km da mesma linha, do Mato Grosso a Rondônia, estão em estudos.