A própria promotoria pedia dois anos de prisão e multa de 10 milhões de euros (cerca de R$ 53 milhões) ao jogador brasileiro no processo, aberto pela empresa DIS, que representava Neymar à época de sua transferência do Santos para o Barcelona.
A DIS alega que o valor total do passe foi diluído em contratos fictícios e, por isso, recebeu menos do que deveria pelo passe. Além de Neymar, seus pais e os ex-presidentes do Barcelona Sandro Rossel e Josep Bartomeu também são réus no processo. Apesar de a promotoria ter retirado as acusações, a DIS seguirá com o processo na Espanha e mantém a acusação a todos os réus menos à mãe de Neymar.
Nesta sexta, porém, o Ministério Público anunciou a “retirada das acusações contra todos os réus e por todos os fatos” pelos quais foram processados. A Promotoria não explicou por que mudou sua visão sobre o caso.
Durante audiência nesta sexta em Barcelona, o promotor Luís García Cantón alegou que “o caso se baseou em presunções, não em provas” e disse achar que o caso é mais civil do que penal.
“Acho que o DIS tem todo direito de entender que a transferência de Neymar tinha que lhe trazer um benefício maior, mas acho que errou na jurisdição”, declarou.
O processo ainda segue no âmbito civil, com a acusação da DIS mantida, porém pode perder força após a promotoria voltar atrás.
Neymar se manifestou pelo Twitter após a retirada das acusações. “Acredite em si mesmo e Deus mostrará o quanto és forte”, escreveu, em cima da notícia. A família do jogador, a defesa dos ex-presidentes do Barça e a DIS ainda não haviam se manifestado até a última atualização desta notícia.
Fontes próximas ao advogado do jogador ouvidas pela agência de notícias Reuters afirmaram que a defesa vai pedir reembolso dos custos do processo, que chamaram de “imprudência, atuação de má-fé e abuso de processo”, ainda de acordo com a Reuters.
Neymar participa de julgamento final sobre fraude fiscal
A retirada das acusações foi anunciada em um dos últimos dias do julgamento final do caso, que começou em 2015 e, desde então, tem sido um grande imbróglio na Justiça espanhola. O caso gerou a demissão do então presidente do Barcelona, Sandro Rossel, além do desgaste do jogador na Espanha.
A ação foi apresentada há sete anos pelo grupo DIS, fundo que possuía parte dos direitos econômicos do atleta quando ele era atacante do Santos.
A Justiça espanhola aceitou a denúncia da DIS, e Neymar, que a partir de 20 de novembro vai liderar a seleção brasileira na Copa do Catar, passou a ser acusado do crime de corrupção empresarial pelo Ministério Público da Espanha.
Os advogados de Neymar alegam que o valor dos contratos extras questionados pela DIS, de cerca de 40 milhões de euros (cerca de R$ 207 milhões), correspondem a um “bônus de contratação legal e habitual no mercado do futebol”. A defesa questiona ainda se a Espanha tem competência legal para o caso – mas a Justiça espanhola aceitou a denúncia.
Ao lado do jogador do PSG também são processados seus pais, os ex-presidentes do FC Barcelona Sandro Rosell – para quem o MP solicita cinco anos de prisão por corrupção e fraude – e Josep Maria Bartomeu, assim como o ex-presidente do Santos Odílio Rodrigues Filho.
Os outros acusados são três pessoas jurídicas: FC Barcelona, Santos FC e a empresa fundada pelos pais de Neymar para administrar sua carreira.