Em comunicado, indígena diz se arrepender de ter duvidado de urnas e defendido intervenção militar; sua prisão foi determinada por Alexandre de Moraes
Preso na penitenciária na Papuda desde que duvidou das urnas eletrônicas e defendeu intervenção militar, o líder indígena José Acácio Sererê Xavante emitiu nota há pouco, por meio de seus advogados, pedindo desculpas pelo ocorrido e alegando que foi mal-informado.
O desespero do indígena é tão grande que ele chega a chamar seu algoz, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o presidente Luis Inácio Lula da Silva de “irmãos”.
“Peço, humildemente, desculpas ao povo brasileiro por eventuais declarações exageradas que fiz, ao criticar o sistema eleitoral brasileiro. Da mesma forma, peço desculpas ao Supremo Tribunal Federal; ao Tribunal Superior Eleitoral; ao presidente irmão Lula; ao irmão Alexandre; à minha família; à minha querida tribo Xavante; e, aos meus amados irmãos da nossa Igreja“, escreveu o líder indígena no documento.
A Nota diz que Sererê cometeu “um equívoco ao defender a tese de que haveria fraude, ou mesmo risco de fraude, nas urnas eletrônicas”. “Na verdade, não há nenhum indício concreto que aponte para o risco de distorção no resultado às urnas, ou na vontade do eleitor brasileiro. Defendi a tese da suposta fraude, com base em informações erradas, que me foram fornecidas por terceiros, que, agora, olhando para trás, vejo que estavam inteiramente desvinculadas da realidade.”
A nota atribuída ao líder indígena por seus advogados diz que Sererê agora é contra qualquer “ruptura democrática”. “Nem acredito em métodos violentos, e/ou qualquer tipo de violência, como método de ação política. Sou um xavante, pai, cristão, pastor, criado num local remoto, com muito respeito à verdade, e, como tal, entendo que o amor, o perdão e a conciliação são os únicos caminhos possíveis para a vida em sociedade.”
Preso no dia 12 de dezembro por participar de manifestações antidemocráticas, Sererê também desautorizou qualquer pessoa a falar em seu nome e constituiu os advogados Jéssica Tavares, Pedro Coelho e João Pedro Mello para representá-lo no inquérito do Supremo que o prendeu.