Dois últimos assassinatos foram na 5ª feira passada contra jovens de 25 e 18 anos
O primeiro bimestre de 2023 registrou números alarmantes sobre a violência contra mulheres do Distrito Federal, em comparação a todo o ano passado. Apenas em janeiro e fevereiro, a capital do país registrou oito casos de feminicídio — metade da quantidade total de 2022, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF).
A governadora em exercício, Celina Leão está à frente da Comissão Técnica de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, e diz que os trabalhos terão resultados efetivos.
Os dois casos mais recentes ocorreram no Riacho Fundo 2 e em Taguatinga Norte, na madrugada da última quinta-feira (2/2), a menos de uma semana para o Dia Internacional da Mulher, de luta pelos direitos delas.
Rayane Ferreira de Jesus Lima, 18 anos, foi a oitava vítima de 2023. Ela morreu asfixiada pelo ex-companheiro — identificado como Jobervan Júnio Lopes Lima, 21 —, no Riacho Fundo 2. O suspeito foi preso horas depois, no P Sul.
A sétima vítima deste ano, Letícia Barbosa Mariano, 25, foi espancada até a morte, no banheiro do apartamento onde morava, no Setor de Indústrias Gráficas, em Taguatinga Norte. Suspeito de cometer o assassinato, Guilherme Nascimento Pereira, 29, ex-companheiro de Letícia, foi preso horas depois do crime, em um hotel de Ceilândia.
Assim como Rayane e Letícia, as outras vítimas de feminicídio do DF também foram mortas com requintes de selvageria: espancadas, esfaqueadas, baleadas ou estranguladas.
Dos oito feminicídios registrados no DF, em 2022, dois envolveram uso de arma de fogo, e um foi cometido com arma branca.
Por ocasião do 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, o Governo do Distrito Federal (GDF) lançou o Calendário Março Mais Mulher, voltado a todas as brasilienses.
A programação para o mês — que contará com diversas ações destinadas ao combate contra a violência de gênero, medidas de acolhimento, atividades de lazer e capacitação — prevê cerca de 230 atividades no período.
A Secretaria da Mulher, Giselle Ferreira, afirmou que a iniciativa visa incentivar a pauta feminina e acolher mulheres em todas as esferas.
“Mais uma vez, reforço que a pauta feminina é um assunto de todos os cidadãos”, disse a secretária, no evento de lançamento. “Grande parte delas está cansada de ter nossa pauta vinculada às páginas policiais. Queremos e podemos mais”, finalizou.
A governadora em exercício disse que também que é preciso cuidar dos filhos das vítimas de feminicídio. Celina Leão disse que em um momento onde os números do feminicídio estão altos, é necessário não só falar sobre os índices, mas mobilizar a sociedade. “Temos, atualmente, 297 órfãos do feminicídio“, afirmou.
A atual chefe do Executivo local também afirmou que o GDF está trabalhando para tentar mudar essa realidade cruel na capital do país. “Estamos criando uma bolsa para que essas crianças, até os 18 anos, recebam auxílio do Estado”, revelou. “Também vamos aplicar uma legislação no DF que obriga a ter, nas escolas públicas, uma semana de seminários sobre o combate a violência contra as mulheres“, pontuou a governadora.
Desde a criação da Lei do Feminicídio, em 2015, em cerca de 21% dos casos desse tipo, os autores do crime usaram arma de fogo, segundo os dados mais recentes do Painel da SSP-DF. Desse total, em 42% das ocorrências, as armas estavam regulares; portanto, tinham registro.
O crime de feminicídio é o homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher (misoginia e menosprezo pela condição feminina ou discriminação de gênero). A qualificação do crime ocorreu somente em 2015, com a promulgação da Lei nº 13.104.
De acordo com o Relatório de Monitoramento dos Feminicídios no Distrito Federal, publicado em janeiro deste ano pela Secretaria de Segurança Pública, de 2015 até 2022, o DF registrou 151 casos tipificados na capital federal.