Belo Horizonte é a quarta cidade em número de movimentos de aeronaves do Brasil, considerando aviação comercial, geral e executiva. O Aeroporto Carlos Prates é o segundo aeroporto mais movimentado de Minas Gerais. Atualmente o Aeroporto Carlos Prates é o 23º aeroporto mais movimentado do Brasil.
Operam no Aeroporto Carlos Prates 2 empresas de manutenção de aviões, 22 hangares de apoio aeronáutico, 15 empresas, os Escoteiros do Ar, 5 escolas de formação de aeronautas (segundo maior polo formador de pilotos do país), dentre elas, o Aeroclube do Estado de Minas Gerais. Também opera no Aeroporto Carlos Prates a maior e mais moderna empresa de manutenção de helicópteros de Minas Gerais (2ª maior do Brasil), que realiza a manutenção das aeronaves do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Civil, além das aeronaves públicas de transporte de órgãos e vacinas:
São formados no em média 500 alunos por ano nas escolas sediadas no Aeroporto Carlos Prates. São centenas de alunos do FIES matriculados e cursando disciplinas de voo. É também realizado no Aeroporto Carlos Prates todo o treinamento das forças policiais e do corpo de bombeiros, realizando desde o treinamento inicial as mais avançadas técnicas de voos em situações adversas, como foi o caso das operações realizadas nos resgates da tragédia.
O aeroporto é vocacionado para a formação de mão de obra de pilotos, mecânicos e aeronautas para o Brasil e para o mundo, treinamento de forças de segurança e manutenção, tendo como atividades complementares a aviação aerodesportiva, aviação geral de pequeno porte e a aviação de asa rotativa (helicópteros). Além de ser um polo formador de profissionais da aviação.
Nos últimos 20 anos, 85.000 estudantes, pilotos, mecânicos e instrutores de voo frequentaram as escolas de aviação localizadas no Aeroporto Carlos Prates. Também atendeu a 500.000 passageiros, servindo aos variados interesses da sociedade: pilotos e tripulação de aeronaves da polícia civil e militar, combate a incêndios florestais, agrícola, transporte aeromédico e transporte civil.
Trabalham no Aeroporto Carlos Prates (dentre funcionários diretos, terceirizados, tripulação, etc.) mais de 400 profissionais altamente capacitados, que dependem deste aeroporto para sustentarem suas famílias.
Como é sabido principalmente pelas notícias veiculadas nos meios de comunicação, o aeroporto Carlos Prates sempre sofre (em alguma intensidade) com um movimento querendoo seu fechamento, tal como ocorre em vários aeroportos pelo Brasil (Congonhas em São Paulo, Pampulha em Belo Horizonte, etc).
Segundo a Associação dos usuários do aeroporto Carlos Prates, esse interesse, por vezes é também acentuado pela especulação imobiliária tendo em vista a posição daquele aeroporto em uma área densamente povoada e praticamente sem espaços para expansão urbana.
No último governo (Bolsonaro) houve um intenso interesse em fechar aquele aeroporto e vender aquela área, muito por causa da política de desinvestimento da Secretaria de Desestatização Federal, aliados aos interesses comerciais cruzados naquele local.
No intuito de vender a área, o Governo Federal desconsiderou por completo a importância do aeroporto para a aviação brasileira do contexto de Minas Gerais, onde toda a instrução e manutenção das aeronaves do Governo Estadual, polícias civil e militar, bombeiros, etc é feita no aeroporto Carlos Prates, além das 5 escolas de aviação que fazem instrução para as forças policiais, estudantes das faculdades e pilotos e a aviação geral de pequeno porte que é atendida naquele aeroporto.
Segundo os dados do DECEA, o aeroporto Carlos Prates é o segundo aeroporto mais movimentado de MG, perdendo só para Confins, tendo 2x o movimento da Pampulha.
Para a associação, diante da completa impossibilidade de transferência das operações atualmente realizadas no Aeroporto Carlos Prates para outro(s) aeroporto(s) da Região Metropolitana, criou-se um imbróglio técnico-operacional, onde tanto a Prefeitura de Belo Horizonte quanto o Governo de Minas Gerais foram formal e categoricamente contra o fechamento do Aeroporto Carlos Prates.
Diante de tamanho risco de se perder toda esta importante infraestrutura, tanto o prefeito de Belo Horizonte quanto o governador de Minas Gerais peticionaram pessoalmente ao Governo Federal pedindo o não fechamento do aeroporto, expondo a importância e a inexistência de alternativas locais para absorver aquelas atividades, inclusive, pedindo para que o aeroporto fosse transferido para ser administrado localmente. Mesma providência tomada pelo Prefeito de Belo Horizonte.
O tema é de tamanha relevância social que deputados dos mais variados os partidos encaminharam ao Governo Federal um abaixo assinado (mais de 35 deputados) e também realizaram uma audiência pública na Câmara dos Deputados sobre o tema.
Assim, o Governo Federal voltou atrás no fechamento do aeroporto e decidiu transferi-lo para o Governo do Estado de MG, para que este então operasse o aeroporto Carlos Prates, seja diretamente ou através de uma concessão. E assim foi publicada a portaria nº 459, de 26 de abril de 2022, do Ministério da Infraestrutura, que prorrogava a operação do aeroporto para que durante este prazo fosse realizada a transferência da exploração aeroportuária.
Diante disso as esferas Federal e Estadual assinariam um convênio de transferência ao Governo de Minas (Convênio de Delegação), que depois faria a concessão do aeroporto. Uma modelagem bem parecida com a que foi feita para o aeroporto da Pampulha. Dessa forma, estava tudo sendo encaminhado para ser feito, o destino do aeroporto seria então “salvo”, inclusive com um belo projeto de desenvolvimento local, envolvendo a FIEMG, a Associação Voa Prates e as diversas secretarias e agências do governo do Estado, até mesmo mirando o futuro da mobilidade urbana em um contexto mundial, o desenvolvimento de uma escola técnica profissionalizante, geração de centenas de empregos diretos, projetos sociais, em claro benefício social principalmente para o entorno do aeroporto.
A localização privilegiada do Aeroporto Carlos Prates, com acesso direto ao Anel Rodoviário, principal corredor viário da RMBH (próximo das saídas para São Paulo, Brasília e Espírito Santo), relativamente próximo ao centro da cidade, e fronteiriço a um hospital público, viabiliza uma solução estratégica: a implementação de um hospital de emergência e transplante, com acesso interno a um aeródromo. Essa solução possibilitaria transformar o Hospital Alberto Cavalcanti em uma referência de pronto socorro acessível por transporte terrestre ou aéreo, recebendo acidentados das principais rodovias que cortam a RMBH, assim como pacientes oriundos de cidades do interior. O maior custo para viabilizar essa estratégia seria o investimento no referido hospital.
Este mesmo projeto contempla a destinação do espaço ao Museu Interativo de Aviação, a ideia seria instalação inédita no país de um museu temático interativo que pudesse receber visitações diárias de alunos de escolas públicas e privadas, a exemplo do que ocorre nos principais museus aeronáuticos dos Estados Unidos. Esse museu não seria algo estático e de mera exposição.
A ideia é que ele propicie aos visitantes e estudantes uma experiência interativa, capaz de despertar o interesse pelo conhecimento, em razão do fascínio que a percepção e aplicação prática despertam. Enfim, o Museu Interativo de Aviação pode despertar vocações que então passariam desapercebidas em função do desconhecimento, como acontece hoje. Como consequência da instalação desse museu, pode-se destacar:
Incentivo ao desenvolvimento tecnológico;
Estímulo ao conhecimento sobre a operação de aeroportos, aviões, escolas de aviação, simuladores de voo e aerodinâmica; Envolvimento em experiências interativas sobre construção aeronáutica, princípios da aerodinâmica e física do voo, peças e superfícies responsáveis pelo voo de aeronaves, incluindo a manipulação e experimentação individual ao visitante do museu.
Um outro ponto importante é o senso comum (até mesmo normal) em função das informações da mídia muitas vezes sensacionalista e de pessoas com pouca profundidade na aviação que formam um consenso de uma falta de segurança do aeroporto ou das escolas que ali operam, bem como a ideia que os acidentes seriam culpa dessas escolas.
Porém, tanto o aeroporto Carlos Prates quanto as atividades de instrução das escolas se mostram muito seguras, principalmente confrontado com outros aeroportos e principalmente tendo como comparativo o próprio Aeroporto da Pampulha como exemplo próximo. O Aeroporto Carlos Prates registrou 50% menos acidentes fatais no período analisado, em comparação com voos relacionados ao Aeroporto da Pampulha. Além disso, para se ter uma ideia, se analisarmos histórico utilizando um grande período de tempo, por exemplo, os últimos 20 anos, nenhum acidente com morte ocorreu envolvendo aeronaves de escola ou envolvendo voos de instrução realizados no Aeroporto Carlos Prates. (fonte: CENIPA/SIPAER). Ou seja, mesmo tendo o aeroporto Carlos Prates um volume de voos 2x maior e um índice 50% menor de acidentes que o do aeroporto da Pampulha, nenhum destes acidentes envolveu voos de instrução.
Isso retira o argumento de que as escolas teriam que sair de Belo Horizonte ou que o Aeroporto Carlos Prates seria perigoso.
Na realidade, números mostram exatamente o contrário. Os registros de acidentes envolvendo o Aeroporto Carlos Prates sãosubstancialmente e mensuravelmente inferiores aos relacionados com o Aeroporto da Pampulha, mesmo tendo o dobro do movimento. Contudo, com a mudança do Governo Federal, tudo parou e o convênio de delegação entre o Governo do Estado de MG e o Governo Federal não chegou a ser assinado até o momento.
O processo está parado na Secretaria de Aviação Civil. Corremos o risco enorme de que a linha de pensamento contrária a permanência do aeroporto prevaleça junto ao Governo Federal, naquela ideia de transformar a área em um parque ou um complexo industrial. Além disso, todo o ecossistema de instrução, manutenção e aeronaves das forças públicas de segurança e aviões de pequeno porte de BH será completamente aniquilado.
A associação reitera que como já dito, é inviável técnica, normativa e financeiramente a transferência para o aeroporto da Pampulha das operações de treinamento, manutenção e ensino realizadas no Aeroporto Carlos Prates. Nem mesmo uma pequena fração destas operações seria possível de ser realizada naquele aeroporto. Isto irá gerar um prejuízo irreversível para os governos locais (forças de segurança), para a população de BH e suas futuras gerações. Nunca mais haverá a possibilidade de haver um outro aeroporto em Belo Horizonte para atender a demanda presente e futura envolvendo estas operações realizadas no aeroporto Carlos Prates.
Desse modo, perplexos com tanta desinformação que circunda o tema o que precisamos é de um diálogo transparente com as esferas do Governo Federal (especialmente no Ministério de Portos e Aeroportos e Secretaria de Aviação Civil) e com as outras autoridades que possam entender do assunto, ajudar trabalhar em conjunto para alertarmos do perigo que ameaça devastar uma infraestrutura aeroportuária de quase 80 anos que presta um essencial serviço à toda população, informa a Associação .