Sigilo da decisão judicial para prender quadrilha foi retirado e também mostra print com ‘controle de gastos’ dos comparsas de Marcola
A juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, retirou nesta quinta-feira (23), o sigilo da decisão que autorizou a operação que prendeu nove integrantes do bando criminoso PCC envolvidos no planejamento e execução de tentativa de sequestro e assassinatos de autoridades que combatem crimes.
Mensagens trocadas pelo bando que já estava executando o crime interrompido pela Polícia Federal, mostram que o alvo principal era o senador da República Sergio Moro (União Brasil-PR).
Além de Moro, outras autoridades, como a deputada federal Rosângela Moro (União-SP) também eram alvos dos criminosos que criaram códigos usados entre eles para cometerem os assassinatos.
As conversas por WhatsApp, mostram que o termo “Tokio” era usado para se referir ao ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro do governo Bolsonaro.
Os bandidos também chamaram de “Flamengo” o “sequestro”, e nomearam de “Fluminense” o lugar de “ação”.
Segundo a juíza Gabriela Hardt que autorizou a operação, a mensagem “permitiu descortinar o plano” que estava em execução “para a consecução de um atentado” contra a segurança do senador. O documento cita que foi estabelecido o uso de “linguagem cifrada pela organização, com intuito de dificultar a identificação da ação criminosa”.
Caderno tinha controle de endereços
Um caderno com informações pessoais das vítimas, encontrado nas investigações comprova “categoricamente” o levantamento de dados sobre Moro, a esposa dele, deputada federal Rosângela Moro e os filhos do casal, diz o despacho de Hardt.
O caderno detalha diversas informações, incluindo bens declarados pelas vítimas para a Receita Federal e os endereços dos alvos dos assassinos.
Ações para ataque começaram na campanha eleitoral
O delegado da Polícia Federal Martin Purper detalhou para a 9ª Vara Federal de Curitiba que as ações para o ataque contra Moro começaram em setembro de 2022, no período eleitoral, quando o atual o atual senador ainda era candidato ao cargo que ocupa atualmente.
O delegado também disse que, no atentado planejado contra Moro, ao menos 16 pessoas eram investigadas por crimes como extorsão mediante sequestro, porte ilegal de arma de fogo de uso proibido e também promover ou integrar organização criminosa. O documento é de 13 de março de 2023.
“As provas colhidas indicam que a maioria dos atos criminosos estão efetivamente em andamento na cidade de Curitiba e região, pois nas demais localidades identificadas, não há registro de atos recentes”, diz trecho do documento.
Gastos com o crime
Outra imagem revelada na decisão, obtida pela investigação do caso, mostra anotações que, segundo o documento, aparentam ser um controle de gastos para o crime que envolveria Moro.
Segundo Moro, a retaliação contra ele seria uma retaliação de integrantes de uma facção criminosa por causa de uma portaria do governo, na época em que Moro era ministro, que restringia visitas em presídios federais.
Outro motivo seria o pacote anticrime apresentado por Moro no Governo Bolsonaro. Os atentados eram planejados desde 2022, segundo a investigação.
Investigações
Os suspeitos planejavam homicídios e extorsão mediante sequestro em pelo menos cinco unidades da federação. Os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea.
De acordo com a Polícia Federal, ao menos 10 criminosos se revezavam no monitoramento da família do senador em Curitiba, segundo agentes.
Os suspeitos alugaram chácaras, casas e até um escritório ao lado de endereços do senador. A família do senador também teria sido monitorada por meses pela facção criminosa, apontam os investigadores.
Depois de alerta do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo, o senador e a família passaram a contar com escolta da Polícia Militar do Paraná.
Outro alvo do grupo era Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Presidente Prudente, interior de São Paulo, devido às investigações comandadas por ele.
Um comandante de Polícia Militar também era alvo dos atentados.