Com informações da Aeroin
Nova revelação no caso do “jatinho” Falcon, apreendido em Salvador, no ano passado, com cocaína a bordo, foi feita nesta semana, desvendando um plano ousado de traficantes brasileiros que possuem ligações com prestadora de serviços para a Petrobras.
Toda a investigação começou quando um jatinho de matrícula portuguesa Dassault Falcon 900 pousou em Salvador após o piloto ter relatado uma pane num dos sistemas da aeronave. Ao ser inspecionada, a droga foi encontrada, inclusive na cabine de comando, e a Polícia Federal chamada.
Uma investigação começou e, na última terça-feira (19), traficantes envolvidos no esquema foram presos, tanto no Brasil como em Portugal, que seria o destino da droga.
A ação conjunta da da Polícia Federal com a Polícia Judiciária de Portugal também revelou que os envolvidos no esquema já tinham um contrato de compra e venda da OMNI Aviação, uma tradicional empresa portuguesa de jatos executivos e fretamentos, que possui contratos milionários com a Petrobras.
Só no ano passado, a Omni anunciou ter sido contratada pela Petrobras em mais “12 novos contratos com a Petrobrás para realizar o transporte de pequenas cargas e passageiros para plataformas offshore”, disse a firma.
Os investigadores acreditam que a entrada da Omni no esquema visava manter uma rede constante de transporte de drogas, disfarçada de voos executivos, assim chegando a até três voos mensais, repletos de cocaína escondida, entre o Brasil e Portugal. Um contrato teria sido firmado no valor de 10,7 milhões de euros (R$53 milhões na cotação atual) dias antes do jato ser apreendido em Salvador.
A Omni pertence ao empresário Rui Almeida, administrador do grupo que também possui a companhia aérea portuguesa White Airways.
Um dos alvos da operação que aprendeu a droga foi Rowles Magalhães Pereira da Silva, advogado luso-brasileiro que é sócio da empresa que teria fechado o contrato com a OMNI em nome dos traficantes.
Rowles foi preso no Brasil , onde tinha um relacionamento com Nelma Kodama, famosa doleira conhecida dos noticiários brasileiros. Seu primeiro “caso policial” foi em 2002, quando sua agência de câmbio em Santo André (SP) teria sido usada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para operações irregulares em favorecimento a Celso Daniel, que foi assassinado logo depois.
Ela voltou aos noticiários em 2013, no âmbito da Operação Lava Jato, que investigava irregularidades na Petrobrás. Nelma foi a primeira a delatar o caso, e tinha um relacionamento amoroso com Alberto Youssef.
Youssef, por sua vez, é um dos principais nomes envolvidos na Lava-Jato, sendo que o nome da operação advém de uma casa de câmbio que funcionava num posto de combustíveis, onde havia um lava-jato, e onde ele foi preso.
Nelma foi presa em Portugal e não foi revelada sua função na organização criminosa que utilizava jatos privados. A doleira foi para Portugal após conseguir sair da prisão por um indulto dado pelo então Presidente Temer em 2017.
Inclusive, vários outros voos foram interceptados na pandemia com drogas, todos com características em comum: saírem do interior paulista com destino a Portugal com parada técnica no Nordeste.