Após a confirmação da morte do colega de trabalho indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips, eles se reuniram em Brasília pedindo afastamento do presidente do cargo.
Na noite desta quarta-feira (15), servidores fizeram ato pela saída do presidente da instituição, Marcelo Xavier, na porta do Edifício Parque Cidade, localizado na Asa Sul, em Brasília, atual sede da Fundação Nacional do Índio (Funai). Os servidores do órgão acusam o presidente da Fundação de não garantir a segurança daqueles que estavam procurando Bruno em uma região perigosa, no Vale do Javari.
“Isso não começou hoje, desde que ele (presidente da Funai) sentou aqui tem servidor nosso morrendo em campo e nada foi feito. Não temos o mínimo de segurança para trabalhar”, disse Guilherme Martins, servidor da Funai, durante o protesto.
“Enquanto Bruno estava sendo violentamente assassinado no Rio Ituí, Marcelo Xavier estava difamando ele em rede nacional. O presidente fez duas entrevistas em rede nacional contando mentiras sobre o Bruno. Ele teve o escárnio de lançar um documento oficial difamando o bruno e o criminalizando. Marcelo não tem o mínimo de dignidade para ocupar a cadeira da Funai. Por isso os servidores estão em greve, não aguentamos mais”, completou Guilherme.
O indigenista Bruno Araújo era servidor de carreira da Funai e coordenava a área de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial da Funai (CGIIRC).
Em 2019, mesmo com profundo conhecimento da área e das nescessidades dos indígenas, Bruno foi exonerado da função apó ter liderado uma operação que desmontou um esquema de garimpeiros na terra indigena Yanomami, em Roraima.
Bruno foi substituído, à época, pelo missionário Ricardo Lopes Dias, que ficou nove meses no cargo. O indigenista então, pediu licença da instituição e se voluntariou para capacitar indígenas junto à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
Após o desaparecimento, o presidente da Funai fez declarações sobre Bruno que irritaram servidores da Fundação. “Muito complicado quando duas pessoas resolvem entrar na área indígena sem nenhuma comunicação formal aos órgãos de segurança, nem mesmo à Funai, que exerce sua atribuição dentro dessa área indígena”, alegou Xavier ao programa Voz do Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Depois das declarações no dia 13, os servidores entraram em greve nacional contra o presidente da Funai.
“Todos nós indigenistas somos o Bruno, hoje e sempre. A força dele vai continuar ecoando em todos nós, e vai reconstruir a política indígena que o governo desconstruiu”, concluiu o servidor.
O grupo entregou para imprensa uma pauta de debate com três pontos: Força Nacional nas três bases que estão no Javari, uma força tarefa para fazer um rodízio com os servidores que estão no local, dormindo em canoas, pois a base da Funai está em pedaços, e uma retratação sobre a morte do Bruno.
“Nós estamos em greve pedindo ao Ministro da Justiça que retire o Xavier do cargo e atenda nossos pedidos. Tudo pode ser cumprido com uma canetada. A Força Nacional responde ao Ministério da Justiça. A força tarefa já foi realizada na Funai em diversos espaços, e retratar-se em uma carta é o mínimo que um ser humano pode fazer. As leis da Funai que o presidente deveria conhecer, ele mostrou total despreparo”, declarou o representante do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do DF, Gustavo Cruz.