1º Dia dos Povos Indígenas é hoje. Mudança em lei diferenciou índio e indígena

O dia 19 de abril, até o ano passado, era oficialmente, ‘Dia do Índio’, mas o termo era considerado por alguns indígenas, problemático por ser genérico, preconceituoso e não considerar a diversidade das etnias

Pela primeira vez, o Brasil celebra neste 19 de abril o “Dia dos Povos Indígenas” – e não mais o “Dia do Índio”, como a data era conhecida até o ano passado.

A mudança foi oficializada em julho de 2022 com a aprovação da Lei 14.402.

Motivo: A palavra “índio” é considerada problemática por ser um termo genérico e não considerar a diversidade dos povos indígenas.

Defensores das causas indígenas argumentavam que a data, que marca a luta dos povos originários pela sobrevivência desde a colonização do Brasil até os genocídios modernos, deveria ser chamada de “Dia dos Povos Indígenas”.

A situação dos indígenas no Brasil ainda é desoladora. Em janeiro deste ano, denuncias sobre a morte de indígenas causadas pela destruição do meio-ambiente em um território yanomami do Norte do país, chocaram o mundo.

Localizados em partes dos estados do Amazonas e de Roraima, as tribos passam por situação trágica. Os números também são claros: a mortalidade infantil da região é muito mais elevada do que a média do Brasil, os casos de malária são mais frequentes e a insegurança alimentar é alta.

Crianças yanomami com desnutrição na região de Surucucu, na Terra Yanomami
Crianças yanomami com desnutrição na região de Surucucu, na Terra Yanomami

O crescimento dos casos de malária nas terras indígenas yanomamis ocorre pelo menos desde os anos 2000, quando começaram as medições. O maior aumento percentual aconteceu durante o primeiro governo do atual presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, e a situação praticamente só tem piorado desde 2013.

Foto aérea mostra atividade que se intensificou nos três primeiros meses do ano.
Foto aérea mostra atividade que se intensificou nos três primeiros meses do ano.

A explosão do garimpo ilegal nas terras indígenas culminou no início do ano, em ações do governo para conter a destruição dos povos na região.

A lei sobre a presunção da boa-fé no comércio de ouro, segundo estudiosos, foi determinante para o crescimento do garimpo ilegal.

De autoria do  deputado federal Odair Cunha (PT-MG) e sancionada pela então presidente Dilma Rousseff em 2013, fez a exploraçãoilegal explodir no país, justamentenas terras indígenas.

Odair Cunha (PT-MG) foi o autor da Lei que só perdeu efeito neste mês de abril

Dados do Mapbiomas, iniciativa do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, mostram que o garimpo ilegal começou a crescer em Roraima justamente nos anos seguintes a essa decisão.

Alguns dos impactos do garimpo possuem um alcance muito maior do que aqueles observados na floresta e nos rios. Dentre esses, a disseminação de doenças infectocontagiosas (em especial a malária), a contaminação pelo metilmercúrio, subproduto do garimpo.

Empurra empurra da culpa pela tragédia indígena

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou, nesta segunda-feira (17), que encontrou um desmonte na fiscalização ambiental do país.

Segundo a ministra, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tem atualmente 700 servidores para fiscalizar o cumprimento da lei ambiental em todo o país. Ao participar de seminário sobre os direitos dos povos indígenas, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), Marina disse que, “[no] governo Bolsonaro, quando a gente diz terra arrasada, [que] houve um desmonte, é um desmonte mesmo. É com esses fiscais que nós estamos trabalhando. Ainda bem que já conseguimos concurso para o Ibama, o ICMBio [Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade] e o ministério”, afirmou.

Segundo a ministra, nos primeiros três meses do governo, foi possível aumentar o número de apreensões em 133% e as multas ambientais em 219%. Os dados foram comparados aos registrados no mesmo período do governo anterior.

Apenas neste mês, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a eficácia da legislação que presume a legalidade do ouro adquirido e a boa-fé da pessoa jurídica que o adquiriu. A decisão foi nas Ações Diretas de Constitucionalidade (ADI) 7273, de autoria do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e do Partido Rede Sustentabilidade (Rede), e 7345, de autoria do Partido Verde (PV).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *