General filmado dando apoio a vândalos preparou viagem de Lula na véspera do ataque ao Palácio

General foi o mesmo que esvaziou segurança ao classificar alertas como “brandos” no dia da viagem de Lula a Araraquara, que não estava prevista

O general Carlos Feitosa Rodrigues foi o militar responsável pelos preparativos da viagem dp presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à cidade de Araraquara em São Paulo, na véspera dos ataques do dia 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes.

Um e-mail vazado para imprensa mostra que foi Rodrigues quem acionou, no dia sete de janeiro,  o departamento de Coordenação de Eventos da Presidência da República.

Ele encaminhou uma mensagem que havia recebido da chefia de gabinete de Lula. “Solicito enviar escalão avançado para preparar atividade do senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no evento ‘Apoio à situação das enchentes em Araraquara’, a realizar-se no dia 08/01/2023, em Araraquara/SP”, diz o e-mail recebido por Rodrigues. Ele foi encaminhado ao Departamento de Coordenação de Eventos, Viagens e Cerimonial Militar nove minutos depois, às 16h22. No dia 5, os ministros das Cidades, Jader Filho, e da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, já haviam visitado a cidade e decidido apoio federal ao município que sofreu com as chuvas de 28 de dezembro do ano anterior.

A viagem de Lula para visitar estragos feitos pela chuva foi inusitada e aconteceu depois de sete pessoas perderem a vida nas enchentes de dezembro de 2022, quando ele ainda não era presidente da República. Mas, quando era o mandatário do país, houve locais com graves enchentes que não receberam a visita do presidente. Em fevereiro de 2003, uma enchente na Região Serrana, Sul e Norte Fluminense deixou 36 mortos, 95 feridos e 870 desalojados e 823 desabrigados. Lula não foi lá.

Casos emblemáticos não tiveram o mesmo cuidado que Lula dispensou aos sete mortos de Araraquara, como em abril de 201o, seu último ano de governo, em que  um deslizamento no Morro do Bumba em Niterói, no Rio deJaneiro, deixou 264 mortos, sem que familiares e moradores sobreviventes tivessem recebido a visita presidencial de Lula.

Voltando ao 8 de janeiro de 2023, também foi o general Rodrigues quem emitiu o “alerta laranja”, que é um alerta mais brando, na véspera dos ataques. A medida esvaziou o efetivo de segurança do Palácio do Planalto, ao mesmo tempo que o general organizava a ida de Lula, que deveria voltar a capital do país, pois estava em São Paulo, com destino para Araraquara, onde a morte de sete pessoas havai acontecido, dez dias antes da chegada do presidente.

A invasão do Palácio do Planalto começou pouco depois das 14 horas. O prédio do órgão do STF foi o último a ser invadido por volta das 15h45, depois que às 14;30 os manifestantes entraram no Congresso Nacional, depois de terme iniciado a marcha que seguiu de QG do Exército para a Esplanada na manhã daquele domingo. Naquele dia, a agenda de Lula divulgou sua programação:

Horário Programação Local
14h Embarque no Aeroporto de Congonhas São Paulo (SP)
15h Chegada em Araraquara Araraquara (SP)
15h30 Atendimento à imprensa Araraquara (SP)
16h Reunião com o prefeito de Araraquara, Edinho Silva Araraquara (SP)
17h Partida para Brasília Araraquara (SP)

 

Apenas 3 horas depois da invasão ao Palácio do Planalto, Lula decretou intervenção federal na Segurança do Distrito Federal e nomeou Ricardo Capelli como interventor. Na CPMI do 8 de Janeiro, a oposição acusa o governo, incluindo o GSI, de ter atuado deliberadamente para facilitar as invasões ao Planalto. Já aliados de Lula sustentam que o órgão estaria “contaminado” e citam que parte dos quadros, como Rodrigues, atuou diretamente com o ex-presidente. Chefe do GSI durante as depredações, o general Gonçalves Dias foi exonerado após a divulgação das imagens nas quais conversa com invasores.

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