PF acredita que policiais civis presos por tráfico também venderam 29 fuzis apreendidos
A Operação Drake, da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio (MPRJ), prendeu quatro policiais civis nesta quinta-feira (19).
Os policiais civis teriam vendido fuzis apreendidos pela delegacia de repressão a roubos e furtos para uma outro facção criminosa.
A venda das armas teria sido como represália a uma quadrilha que não tinha pago um resgate aos policiais para a liberação de um preso. A informação consta na denúncia do MPRJ e em relatório da PF.
De acordo com o relatório de inteligência, a equipe da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) exigiu R$ 500 mil para liberar um homem que teria sido preso.
O homem em questão é irmão do traficante Rodrigo da Silva Caetano, conhecido como Motoboy, um dos chefes do tráfico nas comunidades Nova Holanda e Parque União, no interior do Complexo da Maré, na Zona Norte da cidade.
A propina foi pedida pelos policiais civis após eles terem liberado um cabo da policia militar do Batalhão da Maré e um segundo homem preso pelo grupo. Como o traficante estava “suspenso da boca” não teria como honrar com o pagamento de R$ 500 mil para liberar o irmão.
Um emissário levou R$ 100 mil aos policiais com a promessa de pagar os outros R$ 400 mil num outro momento.
No entanto, em razão de não ter recebido o valor integral, como forma de vingança, em momento posterior, a equipe da DRFC teria apreendido 31 fuzis da facção e vendido 29 para a facção rival, o Terceiro Comando Puro (TCP), nas comunidads da Maré e Acari. Pistolas e cocaína também foram comercializadas. Depois, teriam formalizado a apreensão de apenas 2 fuzis e drogas. De acordo com as investigações, os policiais ainda ficaram com cerca de R$ 1,4 milhão dos traficantes.
A apreensão foi apresentada dia 17 de julho, como tendo sido realizada no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio. Os agentes também apresentaram 200 kg de maconha e 20 kg de pasta base de cocaína.
Um policial civil procurou a PF e denunciou o esquema dos colegas. Um relatório da civil foi enviado para a PF afirmando que houve uma apreensão de fuzis, mas apenas 2 foram apresentados.
Segundo a denúncia, os policiais teriam usado a inteligência da civil para apreender armas e extorquir dinheiro de traficantes.
Os policiais civis teriam montado uma operação e foram para a Vila Cruzeiro porque descobriram pela inteligência que as armas estavam sendo mantidas na comunidade.
Os quatro policiais civis e um advogado foram presos por tráfico de drogas nesta quinta.
As investigações apontam que há 2 meses os 4 agentes, então lotados na DRFC, venderam 16 toneladas de maconha para o Comando Vermelho, a maior facção criminosa do RJ. Os suspeitos teriam, inclusive, escoltado a carga até uma favela dominada pelos traficantes.
Os cinco mandados de prisão foram expedidos pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Resende. Agentes foram atrás dos alvos da operação em endereços na capital fluminense e em Saquarema. Um dos locais é a Cidade da Polícia, onde fica a DRFC, na Zona Norte.
Foram presos:
- Alexandre Barbosa da Costa Amazonas, ex-agente da DRFC;
- Eduardo Macedo de Carvalho, ex-agente da DRFC;
- Juan Felipe Alves da Silva, ex-chefe do setor de investigações da DRFC;
- Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão, advogado;
- Renan Macedo Guimarães, ex-agente da DRFC.