Processo administrativo pode punir agente que apontou desrespeito total aos protocolos periciais
A Polícia Federal abriu um processo interno para apurar a conduta de um perito que denunciou falhas graves na perícia do vídeo de uma suposta agressão ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que se envolveu em um incidente com um grupo de brasileiros no aeroporto de Roma.
O diretor-geral da PF determinou à corregedoria abrir um processo disciplinar contra o perito Willy Hauffe Neto, presidente da Associação dos Peritos Criminais Federais (APCF), depois que a entidade divulgou uma nota questionando a análise das imagens do aeroporto de Roma que foi realizada por um agente só, o que, além de incomum, compromete a qualidade e a isenção do trabalho.
“É preocupante que procedimentos não periciais possam ser recepcionados como se fossem ‘prova pericial’, uma vez que não atendem às premissas legais, como a imparcialidade, suspeição e não ter, obrigatoriamente, qualquer viés de confirmação, que são exigidas dos peritos oficiais de natureza criminal”, disse a nota que questiona a conclusão da PF de ter havido agressão a Alexandre de Moraes e família.
Antes de determinar a instauração da sindicância, o delegado Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, fez chegar aos peritos que eles estariam ajudando a “defesa dos agressores” ao pôr em xeque os métodos utilizados na investigação. Em manifestação apresentada à corregedoria na quinta-feira 19, Hauffe alegou que as ponderações sobre a falta de perícia no caso envolvendo o ministro Alexandre de Moraes é uma posição de toda a categoria e que a abertura do procedimento disciplinar representa uma “interferência” no funcionamento da associação, ao constranger suas lideranças, que apenas cumpriram o dever funcional.
A PF diz que decidiu não solicitar a perícia técnica nas gravações por considerar que não há dúvida sobre a autenticidade das imagens.
O relatório do agente que analisou o vídeo, que não tem som, descreve que Andrea “aparentemente” discute com o filho do ministro e que Roberto “parece” dar um tapa no rapaz.
Com base no “laudo”, o delegado concluiu que, além da agressão, “Roberto Mantovani Filho e Andrea Munarão provocaram, deram causa e, possivelmente, por suas expressões corporais mostradas nas imagens, podem ter ofendido, injuriado ou mesmo caluniado o ministro Alexandre de Moraes e seu filho Alexandre Barci de Moraes”.