Suspeito de comandar esquema de fraude em licitações, governadordo Acre é alvo de investigações de fraudes com prejuízo estimado em R$ 150 milhões
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STF) que o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), seja imediatamente afastado do cargo.
A denúncia oferecida na terça-feira (28), pela PGR contra Camelli atinge outras 12 pessoas pelos crimes de peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão caberá à ministra Nancy Andrighi.
Em nota, Cameli diz manter a confiança na Justiça e que está à disposição para esclarecimentos.
“Diante das publicações recentes veiculadas na imprensa acreana e nacional acerca de denúncia da Procuradoria-Geral da República, e consequente pedido de afastamento do exercício do mandato, o governador Gladson Cameli mantém sua confiança na justiça, mantendo-se à disposição para quaisquer esclarecimento, bem como permanece cumprindo suas obrigações como chefe do Poder Executivo do Estado do Acre.”
A operação contra corrupção e lavagem de dinheiro na cúpula do governo do Acre, intitulada “Ptolomeu”, chegou à sua terceira fase nesta quinta-feira (9), com o cumprimento de 89 mandados de busca e apreensão em seis estados e no Distrito Federal.
Cameli está em Dubai, para a COP 28, em uma comitiva do governo do Acre.
O inquérito foi aberto pela Polícia Federal em julho de 2021 baseado em outras operações da polícia, que, segundo o relatório, mostravam a ligação do governador do Acre em algumas movimentações. O Relatório de Inteligência Financeira (RIF) teria apontado, a princípio, 35 comunicações de operações financeiras suspeitas e, destas, 20 possuíam Cameli como titular ou envolvido.
Segundo o inquérito, o esquema era dividido em núcleos compostos pelo próprio governador Gladson Cameli, pela então primeira-dama do Estado, Ana Paula Cameli, servidores públicos que ocupavam cargos de confiança no governo e empreiteiras da família Cameli, que atuam no Acre e também em Manaus.
A defesa de Cameli emitiu uma nota sobre a operação.
“A defesa vê com surpresa a terceira fase de um inquérito que se arrasta há dois anos. Trata-se de uma investigação baseada em uma pescaria probatória e uma devassa financeira ilegal, que atacou a família do governador como forma de driblar o foro adequado. Desde então, o governador já prestou os devidos esclarecimentos, colocou-se à disposição das autoridades e assim permanece. O governador confia na Justiça e irá cumprir todas as medidas. E respeitosamente irá recorrer das cautelares, o que inclui a descabida ordem para não falar com o próprio pai e irmãos“, diz a nota.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o bloqueio de R$ 120 milhões em bens dos investigados, incluindo valores em contas bancárias, aeronaves, casas e apartamentos de luxo. Segundo a PF, o cumprimento dos mandados envolve mais de 300 policiais federais nesta quinta.
Além do bloqueio dos itens de luxo, a decisão do STJ prevê:
- 31 afastamentos de cargo ou função pública;
- 57 proibições de contato com investigados e acesso a órgãos públicos;
- 57 entregas de passaporte;
- 70 quebras de sigilo bancário e fiscal;
- 15 empresas com atividades econômicas suspensas.
A PF e a PGR não divulgaram quem são os alvos de cada uma dessas medidas. A operação tramita em sigilo no STJ.