Presidente convidou governadores, STF e congressistas para um ato contra às manifestações que pediam sua destituição e prisão, assim como de ministros do STF e se transformou em quebradeira na Praça dos Três Poderes
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha ((MDB) foi o primeiro governador a informar ao presidente da República que não vai comparecer ao ato que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende realizar para lembrar às manifestações do dia 8 de janeiro deste ano, no mês que vem, quando completa um ano da data.
Ibaneis avisou que estará de férias e longe de Brasília no dia do evento político do presidente.
Lula quer marcar a data e lembrar do 8 de janeiro de 2023, quando cerca de 5 mil manifestantes vindos de diversos estados brasileiros caminharam em passeata pacífica saindo da frente do Quartel-General do Exército em Brasília, em direção à Praça dos Três Poderes.
Eles se uniram aos cerca de 300 manifestantes que estavam acampados em frente ao QG pedindo a volta de Lula para a prisão por corrupção, o afastamento dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que decidiram pela anulação das condenações e de todos os processos contra Lula e até uma intervenção do Exército na política nacional.
Ao chegarem ao Congresso Nacional, o movimento, segundo a maioria dos manifestantes, teve pessoas infiltradas que iniciaram a invasão e depredação dos prédios, com ajuda de integrantes do governoLula, como de um general, amigo do presidente hámais de 30 anos, que depois teve de ser exonerado por Lula, quando a imprensa descobriu e divulgou as imagens internas do Palácio.
Alguns dos manifestantes acabaram entrando nos prédios e parte deles partiu para a depredação dos bens públicos.
Foram 243 pessoas presas naquele dia, sendo 44 detidos dentro do Congresso, mas o outros 199 nao não tiveram localização determinada da prisão, cerca de 100 dentro do PaláciodoPlanalto, outros na sede do STF e na Praça. A maioria diz que foi presa na praça, ou quando já retornavam para o o QG do Exército.
No mesmo dia, o ministro do STF, Alexandre de Moraes determinou a proibição imediata, até o dia 31 de janeiro, de ingresso de quaisquer ônibus e caminhões com manifestantes que viessem continuar suas queixas no Distrito Federal, afastou o governador e mandou prender todos os manifestantes que estivessem em Brasília.
Maus de duas mil pessoas foram presas.
O Exército cercou a área do acampamento e na manhã do dia 9 todos, incluindo, crianças, moradores de rua e vendedores ambulantes foram presos e levados a um ginásio da PM. De lá, alguns foram liberados dias depois, quando começaram a circular nas redes sociais se tratar de uma espécie de campo de concentração moderno e político.
O STF liberou do local, onde as mais de 2 mil pessoas estavam presas, 684 “por questões humanitárias”, como velhice e problemas de saúde, além de pessoas em situação de rua mães, adolescentes e crianças, conforme informou a PF em 11 de janeiro.
Alexandre de Moraes também afastou no dia 8, o governador do Distrito Federal, e a cúpula da segurança pública de Brasília, mas manteve os responsáveis pela segurança nacional nas funções. Ibaneis só retornou ao cargo em 15 de fevereiro, depois que o STF concluiu que o governador não teve nenhuma participação no resultado das manifestações.
Faltando pouco menos de 13 dias para completar um ano das manifestações, o STF já condenou 30 pessoas por crimes que variam entre associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. A maioria dos condenados pegou entre 13 e 17 anos de prisão.
Quase um ano após os protestos violentos na Praça dos Três Poderes, 66 pessoas seguem presas, a maioria preventivamente. A prisão preventiva é uma modalidade de prisão processual, ou seja, decretada antes de uma eventual condenação. Elas não têm prazo definido, mas precisam ser revistas a cada 180 dias.
Entre os 66 manifestantes que tiveram a liberdade negada estão oito já condenados pelo STF e 33 réus denunciados por envolvimento direto na depredação dos prédios públicos. Dois deles foram transferidos para um hospital psiquiátrico, segundo o tribunal. Os outros 25 seguem detidos a pedido da PGR, por suspeita de incitação e financiamento aos atos golpistas, que foram presos nos dias e meses subsequentes aos atos.
As prisões foram revogadas menos de um mês após a morte do manifestante Cleriston Pereira da Cunha, de 45 anos, que estava preso preventivamente, no Complexo da Papuda no mês passado.
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