PCC destinou R$ 54 milhões para empresa de ônibus Transwolff

Com dinheiro, Transwolff pôde participar de licitação para colocar os ônibus circulando em SP

O Primeiro Comando da Capital (PCC) investiu R$ 54 milhões, obtidos com tráfico de drogas e outros crimes, na empresa de ônibus Transwolff.

O esquema para lavar dinheiro do PCC foi detalhado em denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP).

A denúncia da Operação Fim da Linha foi contra 10 pessoas ligadas à Transwolff. Elas são acusadas de organização criminosa, extorsão, lavagem de capitais e apropriação indébita.

O líder do esquema era Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, de 56 anos, sócio majoritário da Transwolff. Pandora e Robson Flares Lopes Pontes, 38, um dos diretores da viação, são acusados de representarem o elo da empresa com o PCC. Eles foram presos preventivamente na terça-feira (9).

Segundo a denúncia, a incorporação da empresa MJS Participações Ltda também permitiu que ele aumentasse expressiva e artificialmente o seu patrimônio declarado.

Segundo a investigação o dinheiro permitiu que a empresa participasse da licitação do transporte público na capital paulista.

O aporte habilitou a Transwolff a participar da licitação do transporte público, que foi lançada naquele ano pelo então prefeito, agora ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) para renovar os prestadores de serviço. O edital exigia que os concorrentes tivessem capital social de, no mínimo, R$ 25 milhões.

A facção criminosa ocultou o dinheiro a partir da criação da empresa MJS Participações Ltda, em 2014, que ingressou no quadro societário da Transwolff no ano seguinte, segundo a promotoria. Com isso, o capital social da Transwolff, que até então operava por contratos emergenciais com a Prefeitura, saltou de R$ 1 milhão para R$ 55 milhões em 2015.

Os valores associados à empresa teriam sido obtidos por “depósitos em dinheiro e fracionados”, sem origem demonstrada, segundo a denúncia.

Os investigadores identificaram depósitos anônimos, realizados entre setembro e dezembro de 2015, no Banco Luso Brasileiro S/A, na zona sul da capital paulista, onde os sócios da TW eram correntistas.

Os criminosos também usaram supostos empréstimos de 88 pessoas físicas, incluindo funcionários da Transwolff e titulares de empresas administradas pela Demark Assessoria Contábil.

O escritório responsável pela contabilidade da viação, também tiveram os donos envolvidos no esquema de lavagem de dinheiro. Os valores da operação chegaram a R$ 26,6 milhões e teriam sido usados na compra de 50 ônibus para a empresa.

A MJS Participações Ltda foi efetivamente incorporada à Transwolff em dezembro de 2019.

Segundo as investigações, durante a sua existência, a holding não desempenhou nenhuma atividade operacional, não teve funcionários, não adquiriu nem alienou nenhum bem imóvel e não possuiu ônibus.

A lavagem de dinheiro contou com um restaurante contratado para fornecer refeições para funcionários da Transwolff. Segundo o MPSP, o restaurante, na verdade, atuava como “noteira” – ou seja, emitia notas fiscais frias para regularizar a contabilidade.

A promotoria também ofereceu denúncia, em separado, contra outros 19 investigados ligados a outra empresa de transporte, a UpBus, que também foi alvo da Operação Fim da Linha.

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