Farmacêutica diz que redução da procura motivou decisão: “há um excedente de vacinas disponíveis”, mas motivo real é outro
A indústria farmacêutica AstraZeneca anunciou nesta terça-feira (7) que encerrou a produção e a distribuição da vacina contra a Covid-19 em todo o mundo.
Segundo a empresa, o encerramento da produção da vacina é motivado por excesso de vacinas no mercado.
“Como várias vacinas contra a Covid-19 e variantes foram desenvolvidas, há um excedente de vacinas atualizadas disponíveis”, afirmou a gigante farmaceutica, dizendo que isso levou a uma redução pela procura pelo imunizante.
O anúncio da empresa acontece após o pedido de retirada voluntário feito em 5 de março, que entrou em vigor nesta terça-feira (7).
No Brasil, a vacina da AstraZeneca é produzida pela Fiocruz após transferência de tecnologia formalizado em junho de 2021. A primeira dose do imunizante foi aplicada no país em fevereiro de 2022.
Mas a verdade é que o movimento ocorreu após a farmacêutica admitir judicialmente a gravidade de efeito adverso, considerado muito raro. A síndrome é caracterizada pela combinação da formação de coágulos sanguíneos com baixos níveis de plaquetas no sangue.
A empresa, no entanto, contesta os casos do processo, sob argumento de que a STT tem outras causas mais prováveis.
Há 51 casos de mortes ou ferimentos graves relatados pelas famílias à Justiça. Essas pessoas teriam sido vítimas de STT (Síndrome de Trombose com Trombocitopenia). As famílias pedem, em ação coletiva, indenizações que podem chegar até 100 milhões de libras (cerca de R$ 646 milhões).
Questionada sobre as reais razões, a empresa AstraZeneca afirma que o efeito adverso já é conhecido desde abril de 2021 com atualização junto à agência reguladora do Reino Unido. “Nossa solidariedade vai para qualquer pessoa que perdeu entes queridos ou relatou problemas de saúde. A segurança dos pacientes é a nossa maior prioridade e as autoridades reguladoras têm normas claras e rigorosas para garantir a utilização segura de todos os medicamentos, incluindo vacina”.
- A trombose se caracteriza pela presença de coágulo em um vaso sanguíneo, veia ou artéria
- Membros inferiores são os mais afetados, mas braço, pelve e outras regiões do corpo também são atingidas
- Inchaço, dor e vermelhidão são sintomas comuns e a intervenção médica deve ser imediata
- Conhecer histórico familiar, exercitar-se e não fumar previnem eventos e evitam complicações
Trombo é um coágulo —parcial ou total— que se forma nos vasos sanguíneos, veias ou artérias, limitando o fluxo normal do sangue. Quando isso acontece, estamos diante da trombose, que pode se manifestar de diferentes formas. Caso ela ocorra em uma veia profunda será definida como Trombose Venosa Profunda (TVP); se o coágulo se formar em uma artéria, ele é chamado de Trombose Arterial (TA) e pode levar ao infarto ou ao AVC (acidente vascular cerebral).
A TVP acomete desde crianças até idosos, é a causa de óbito de 100 mil pessoas todos os anos nos Estados Unidos, e ainda está na lista das causas de morte mais frequentes entre gestantes, pacientes com câncer e no puerpério.
A trombose também atinge parte das pessoas que se curaram da covid-19. Segundo estudo da Fiocruz, 6,2% dos sobreviventes no Brasil tiveram trombose depois de curados da covid-19.