Anvisa restringe prescrição do zolpidem e determina tarja preta para o medicamento

A partir de agosto, só estará disponível mediante prescrição médica do tipo azul, de controle mais rigoroso, independentemente de sua concentração, uma mudança em relação ao sistema anterior. Medida também afeta a zopiclona, fármaco similiar

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na noite desta quarta-feira (15), uma resolução que torna mais rígido o processo de prescrição do zolpidem e da zopiclona, medicamentos indicados para tratamento pontual da insônia.

A partir do dia 1º de agosto de 2024 essas substâncias só devem estar disponíveis mediante prescrição médica do tipo azul, de controle mais rigoroso, independentemente de sua concentração.

Antes, uma brecha na legislação sanitária permitia que concentrações de até 10mg do zolpidem e da zopiclona fossem prescritas em receitas brancas de duas vias, uma para o paciente, outra para a farmácia.

De acordo com especialistas, essa abordagem ampliou principalmente a utilização indiscriminada do zolpidem no país, contribuindo para a crise de saúde provocada por ele.

“Na prática, essas formulações deixaram de ser prescritas mediante receita azul e com isso mudaram de uma rotulagem de ‘tarja preta’, que alerta sobre o risco de dependência, para ‘tarja vermelha’, que indica uma substância com menor potencial de causar dependência e tolerância”, disse em seu voto a relatora Danitza Passamai Rojas Buvinich, diretora da Anvisa.

Com a mudança, esses fármacos exigirão somente receitas do tipo azul, que facilitam o acompanhamento de medicamentos psicotrópicos, assegurando sua prescrição e uso adequados.

Isso se deve ao fato de que essas prescrições, além de incluir os dados do especialista responsável pela recomendação, exigem o cadastro desses profissionais na autoridade sanitária local.

Como resultado disso, os profissionais que prescrevem medicamentos do tipo têm um limite no número de receitas similares.

Além disso, cada receita pode incluir a prescrição de apenas um medicamento, com a quantidade adequada para um tratamento de 30 dias, que também corresponde ao prazo de validade da prescrição.

“A utilização de um receituário mais restrito para uma medicação com alertas e indicações de acordo com o seu real risco é apenas um primeiro passo”, acrescentou Buvinich, destacando também o fato de que outros fármacos pertencentes à mesma classe do zolpidem e da zopiclona (chamados de Z-hipnóticos) estão sob consideração pela Anvisa para possíveis restrições de receituário.

Segundo a Anvisa, até 1º de dezembro, medicamentos à base de zolpidem poderão ser fabricados com a embalagem em tarja vermelha.  Após essa data, todos esses fármacos já deverão conter a tarja preta em sua embalagem.

Apesar disso, nas farmácias, os medicamentos, tanto em embalagem com tarja vermelha quanto preta, poderão ser dispensados até o final do seu prazo de validade, mediante a apresentação da receita azul.

O que é o zolpidem ?


O zolpidem é um remédio seguro que induz o sono, indicado para tratamento pontual da insônia. Para comprar é necessário ter uma receita médica.

A pessoa tem um rebaixamento do nível de consciência e acaba entrando no sono com mais facilidade.

No entanto, o medicamento tem algumas características que são importantes e que nem sempre levamos em conta. Uma delas é o sonambulismo. A pessoa sai como sonâmbula pela casa e não lembra o que fez.

Após tomar Zolpiden a pessoa pode fazer refeição fora de hora, arrumar a casa, dirigir pela cidade, mandar mensagens e não lembrar. Um efeito colateral que não é tão raro e é potencialmente perigoso.

Nos Estados Unidos são milhares de urgências relacionadas ao uso de zolpidem, não só pelo efeito colateral de sedação, mas também por acidentes que podem acontecer nesses episódios de sonambulismo induzidos pelo remédio.

A bula do remédio faz esse alerta: “este medicamento pode causar sonambulismo ou outros comportamentos incomuns (dormir enquanto dirige, se alimenta, faz uma ligação de telefone ou durante o ato sexual) enquanto não está totalmente acordado […] Na manhã seguinte, você poderá não lembrar o que fez durante a noite”.

Segundo a própria bula, a pessoa que for usar o Zolpidem precisa tomar o medicamento e não sair mais da cama. O paciente também pode fazer algo e se arrepender depois, pode falar dormindo, andar dormindo.

Qual a forma correta de tomar o Zolpidem?


Segundo a bula, o zolpidem pode causar amnésia anterógrada (perda da memória para fatos que aconteceram logo após o uso do medicamento), que em geral ocorre algumas horas após a administração.

Por isso, o ideal é tomar o remédio logo antes de dormir. O efeito é razoavelmente rápido. O indicado é tomar antes de deitar ou já na cama.

O zolpidem não deve ser tomado durante o dia ou como ansiolítico. Ele é um indutor de sono.

O medicamento também não deve ser misturado com álcool, maconha ou com outros remédios que dão sono.

Zolpidem pode causar dependência?

Sim. O risco de dependência aumenta com a dose e a duração do tratamento. Vale lembrar que o zolpidem não é tratamento contra insônia e seu uso não deve passar ultrapassar o período de quatro semanas, segundo a bula.

Para mudar a qualidade do sono sem medicamentos, a pessoa precisa mudar hábitos e tentar tratar a insônia com medidas não farmacológicas, como higiene do sono, não consumir produtos com cafeína, não usar telas antes de dormir.

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