Entenda porque Gusttavo Lima foi indiciado por organização criminosa e lavagem de dinheiro do crime organizado

Cantor vendeu mesmo avião duas vezes e teve R$ 8 milhões em notas fiscais fracionadas

O cantor sertanejo, goiano, Gusttavo Lima foi indiciado a partir de investigações da Polícia Civil de Pernambuco, com a Operação Integration.

A operação inicial teve 53 alvos no país, incluindo a influenciadora digital Deolane Bezerra, bicheiros, traficantes e empresários criminosos.

Gusttavo Lima é acusado de cometer os crimes de lavagem de dinheiro e de organização criminosa.

A Polícia encontrou um cofre com cerca de R$ 150 mil dm dinheiro vivo (notas de dólares, euros e reais), na sede da Balada Eventos e Produções, empresa de shows de Gusttavo Lima localizada em Goiânia (GO).

Gusttavo usou sua empresa para lavar dinheiro até com compra e venda de aviões. Um drles por exdmplo, teve a primeira compra feita pela Sports Entretenimento, que pertence a Darwin Henrique da Silva Filho, pernambucano que, segundo a polícia, é de uma família de bicheiros do Recife. Ele se desfez do avião dois meses após a compra, alegando problemas técnicos.

A polícia identificou que tanto o contrato quanto distrato foram emitidos no mesmo dia, 25 de maio de 2023. E que o laudo, que apontou a falha mecânica, foi em 29 de junho daquele ano.

O mesmo avião voltou a ser vendido no ano seguinte. Dessa vez, quem comprou foi a J.M.J Participações, do empresário José André da Rocha Neto, que também é alvo da operação.

De acordo com a polícia, a segunda venda foi realizada sem que nenhum laudo comprovasse o reparo no avião. Além disso, a transação envolveu um helicóptero que também era da empresa de Gusttavo Lima e já tinha sido comprado por outra empresa de Rocha Neto. Na negociação, o helicóptero voltou para o cantor.

As duas vendas, segundo a investigação, usaram dinheiro legal e dinheiro ilegal. Segundo o inquérito, o esquema funcionava assim:

  • O dinheiro do jogo do bicho, de jogos de azar e de bets legalizadas iam todos para um mesmo caixa;
  • Lá, os valores lícitos eram misturados aos do crime;
  • Para dar aparência legal e voltar ao mercado limpo, o dinheiro contaminado, segundo a polícia, foi usado na negociação das aeronaves.

“É uma forma de lavagem, transitar o dinheiro através de várias pessoas físicas ou jurídicas, buscando não facilitar o rastreamento deles”, diz Renato Rocha, delegado geral da Polícia de Pernambuco.

A defesa de Gusttavo Lima diz que os contratos foram feitos em nome das empresas com os seus representantes legais, o que afastaria a possibilidade de lavagem de dinheiro. Também alega que a análise dos policiais apresenta “falhas ao não considerar a data digital do distrato da compra de uma das aeronaves”.

Também afirmou que os registros de compra e venda das aeronaves — nas negociações com Darwin e com Rocha Neto — foram feitos sem ocultação ou dissimulação e os pagamentos, em contas bancárias normais.

A defesa de Rocha Neto alega que ele usou o helicóptero como parte de pagamento do jatinho da Balada Eventos.

Darwin Filho nega ter relação com o jogo do bicho. E quanto ao cancelamento da compra do avião do cantor sertanejo, ele disse que a transação foi lícita e regular. Segundo ele, a própria quebra de sigilo bancário confirma as informações prestadas.

Gusttavo Lima nega conhecer Darwin Filho.

Vai de Bet

Segundo o inquérito, Gusttavo Lima se tornou sócio da exploradora de jogos de azar Vai de Bet. A empresa é uma das investigadas na operação policial.

Rocha Neto afirma que seu primeiro contato com Gusttavo Lima foi para tê-lo como embaixador da Vai de Bet. Diz também que o sertanejo tem direto a 25% da marca, mas que nunca foi sócio e jamais participou da administração.

Os investigadores dizem ter encontrado um documento que mostra que, em fevereiro de 2024, Gusttavo se tornou sócio com participação de 25%, mas suspeitam que ele seja uma espécie de dono oculto da empresa há muito mais tempo. Isso porque, no final de 2023, a Vai de Bet fechou um patrocínio milionário com o Corinthians que acabou virando alvo de outra investigação em São Paulo.

Em depoimento à polícia, um conselheiro do clube contou que o presidente do Corinthians falou por telefone com Gusttavo Lima e que o presidente afirmou — já naquela época — que o cantor era um dos donos da Vai de Bet.

“Em um dos depoimentos das testemunhas ouvidas no caso da subtração de valores do Corinthians, é mencionado que, no momento da assinatura do contrato, foi informada essa testemunha por parte do presidente do Corinthians, que a Vai de Bet teria como um dos sócios o Gustavo Lima”, afirma Juliano Carvalho, promotor de Justiça do Gaeco.

A defesa do cantor afirma que ele não é sócio da Vai de Bet e alega que o contrato encontrado pela polícia indica que ele tem 25% de eventual venda da marca. Também diz que o contrato com a PIX365 tinha cláusula anticorrupção e foi suspenso.

O Corinthians diz que o caso está na Justiça e que o clube não trata mais de questões ligadas a essa empresa.

Viagem para a Grécia

José André da Rocha Neto – dono da empresa que comprou o avião de Gusttavo Lima pela 2ª vez – e a mulher dele, Aissla, são empresários da Paraíba e investigados na operação. Os dois têm uma incompatibilidade entre o rendimento declarado à Receita Federal e a quantia que eles movimentaram nos últimos anos.

O casal José e Aissla tem muitas empresas — e três são investigadas por lavagem de dinheiro. Elas são:

  • J.M.J Participações, a mesma que comprou o avião da empresa do Gusttavo Lima
  • Supreme Marketing e Publicidade, que comprou o helicóptero do cantor
  • PIX365 Soluções, empresa que, segundo a polícia, é a Vai de Bet, e tem Gusttavo Lima como garoto-propaganda.

No dia em que a operação foi deflagrada, no começo de setembro, o cantor foi intimado a depor. Rocha Neto e a mulher estavam com prisão decretada. Os bens e contas bancárias dos três foram bloqueados.

Gusttavo Lima estava na Grécia gravando músicas novas e sucessos antigos. Ele tinha escolhido um iate luxuoso para comemorar com amigos seu aniversário de 35 anos. Rocha Neto e Aissla estavam lá. O cantor negou ter relação de intimidade com o casal.

Segundo a polícia, na ida para a Grécia, o casal pegou carona no avião do cantor. Já no retorno ao Brasil, Gusttavo chegou sem eles. A suspeita é de que o casal — então foragido — teria desembarcado antes, na Espanha.

A aeronave do cantor é um modelo Gulfstream G550, avaliado em R$ 70 milhões, foi fabricada em 2005 e tem capacidade para até 16 passageiros.

Avião de Gusttavo Lima é avaliado em R$ 70 milhões

Jato motivou a Justiça pernambucana a ordenar a prisão preventiva do cantor (já reogada) por ter dado carona ao casal José André e Aislla, de Goiânia para a Grécia. Eles são sócios da empresa “Vai de Bet”, e alvos da mesma investigação.

Foi a ajuda, apontada pela polícia, aos foragidos que motivou a decretação da prisão de Gusttavo Lima, em 16 de setembro. A decisão caiu, em segunda instância, menos de 24 horas depois.

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