Mensagens foram obtidas em celular de advogado assassinado e envolvem decisões do STJ com sentenças “iguais até nas vírgulas”
Não é de hoje que em Brasília existem os amigos dos amigos dos poderosos que decidem os rumos dos pobres mortais no Brasil, e que correm histórias cabeludas de vendas criminosas de decisões.
Alguns desses boatos já tiveram até suspeitas levantadas pela Polícia Federal, pela Receita Federal e pelo Coaf, antigo órgão que fiscalisava movimentações financeiras suspeitas.
No escândalo da vez, mensagens encontradas no celular de um advogado assassinato em Cuiabá (MT) em dezembro do ano passado, revelaram um esquema de venda de decisões judiciais.
Sem qualquer chance de defesa, o advogado Roberto Zampieri foi alvejado por 12 tiros à queima roupa.
Agora surgem informações de que até um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), foi mencionando no esquema criminoso.
De acordo com o portal PlatôBR um dos integrantes da quadrilha insinuava ter proximidade com esse ministro, embora não haja provas concretas de que essa relação fosse real ou apenas uma tentativa de vender uma influência inexistente.
O nome do ministro citado é mantido em sigilo. As mensagens foram obtidas por investigadores do Mato Grosso ao acessarem o celular do advogado, que se comunicava com o lobista Andreson Gonçalves, apontado como chefe do esquema que vendia acesso a decisões de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Devido às suspeitas envolvendo o Poder Judiciário, as mensagens foram enviadas pela Polícia Civil de Mato Grosso ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que as encaminhou à Polícia Federal e à Justiça Federal.
Com evidências de que o esquema envolvia gabinetes do STJ, a Procuradoria-Geral da República solicitou a transferência do caso para o STF, onde está sob a relatoria do ministro Cristiano Zanin.
A menção está na íntegra do material obtido por investigadores do Mato Grosso ao ter acesso ao celular do advogado morto. Era por meio desse aparelho que o advogado se comunicava com o lobista Andreson Gonçalves, apontado como chefe de um esquema que vendia acesso privilegiado a decisões de ministros de outra alta corte de Brasília, o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O esquema de venda de sentenças estava sendo investigado pela Polícia Federal sob sigilo absoluto, mas tornou-se público após uma reportagem da revista “Veja”. De acordo com a matéria, existe um comércio de sentenças que opera há pelo menos quatro anos no Brasil nas mais diversas instâncias, inclusive no STJ.
Hoje, surge a informação desuposta participação até de ministro do Supremo.
Na esteira dessa investigação, na quinta-feira (24), da semana passada, a Polícia Federal deflagrou a Operação Ultima Ratio, com o objetivo de investigar possíveis crimes de corrupção em vendas de decisões judiciais, lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, que agora respinga a sujeira no STF.
Foram cumpridos 44 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça em Campo Grande (MS), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Cuiabá (MT).
As investigações reveladas por Veja atingem diretamente os ministros Isabel Gallotti, Og Fernandes, Nancy Andrighi e Moura Ribeiro, titulares dos gabinetes sob investigação e, indiretamente, toda a corte, incluindo, por óbvio, todos os ministros que a compõem.
As provas são fortes e envolvem até decisão efetivamente assinada por integrante do quadro de ministros do STJ em questão, o lobista comemorou quando comparou o rascunho do voto, a que teve acesso depois de negociar o pagamento a um servidor do gabinete, e a decisão assinada oficialmente.