Documento aponta balões, satélites e drones como explicações para vários incidentes, mas centenas permanecem sem solução
O mais recente relatório do Pentágono sobre óvnis revelou centenas de novos relatos de fenômenos aéreos não identificados e inexplicáveis, mas sem indícios de que tenham uma origem extraterrestre.
A revisão inclui centenas de casos de balões, pássaros e satélites identificados erroneamente, bem como alguns episódios que desafiam explicações simples. Entre eles está um quase-acidente entre um avião comercial e um objeto misterioso na costa de Nova York.
Embora o documento provavelmente não resolva debates sobre a existência de vida alienígena, ele reflete o crescente interesse público no assunto e os esforços do governo para fornecer respostas.
A publicação ocorre um dia após legisladores da Câmara dos Deputados pedirem maior transparência governamental durante uma audiência sobre fenômenos anômalos não identificados (UAPs, na sigla em inglês) — que é o termo usado pelo governo para óvnis.
O documento foi publicado na quinta-feira (14).
Os esforços federais para estudar e identificar óvnis têm se concentrado em possíveis ameaças à segurança nacional ou à aviação, e não em aspectos de ficção científica.
Autoridades do escritório do Pentágono criado em 2022 para monitorar fenômenos do tipo, conhecido como Escritório de Resolução de Anomalias em Todos os Domínios (AARO), afirmaram que não há indicação de que nenhum dos casos investigados tenha origem de fora da Terra.
“É importante destacar que, até o momento, o AARO não encontrou evidências de seres, atividades ou tecnologias extraterrestres”, escreveram os autores do relatório.
Investigação
A análise do Pentágono abrangeu 757 casos reportados às autoridades dos EUA entre 1º de maio de 2023 e 1º de junho de 2024. O total inclui 272 incidentes ocorridos antes desse período, mas que não haviam sido relatados anteriormente.
A grande maioria dos incidentes reportados ocorreu no espaço aéreo, mas 49 foram registrados em altitudes estimadas de pelo menos 100 quilômetros, o que já é considerado espaço. As testemunhas incluíram pilotos comerciais e militares, bem como observadores.
Os investigadores encontraram explicações para quase 300 desses incidentes. Em muitos casos, os objetos desconhecidos foram identificados como balões, pássaros, aeronaves, drones ou satélites.
Segundo o relatório, o sistema de satélites Starlink, de Elon Musk, é uma fonte cada vez mais comum de confusões, com pessoas confundindo cadeias de satélites com óvnis.
Centenas de outros casos permanecem sem explicação, embora os autores do relatório tenham enfatizado que isso frequentemente ocorre devido à falta de informações suficientes para chegar a conclusões definitivas.
Nenhum ferimento ou acidente foi relatado em qualquer um dos incidentes, embora uma tripulação de voo comercial tenha reportado um quase-acidente com um “objeto cilíndrico” enquanto sobrevoava o Oceano Atlântico, na costa de Nova York. Esse incidente ainda está sob investigação.
Em outros três casos, tripulações militares relataram terem sido seguidas ou acompanhadas por aeronaves não identificadas. Por outro lado, os investigadores não encontraram evidências para ligar a atividade a uma potência estrangeira.
Entre as descrições visuais fornecidas por testemunhas, luzes não identificadas ou objetos redondos, esféricos ou em forma de orbe foram frequentemente relatados. Outros relatos incluíram uma testemunha que descreveu um “ser em forma de água-viva com luzes piscando”.
Pentágono, a sede do Departamento de Defesa dos EUA, em Washington D.C. — Foto: AP Photo/Pablo Martinez Monsivais
Câmara discute assunto
Durante a audiência sobre óvnis na quarta-feira (13), legisladores ouviram o depoimento de vários especialistas que estudaram os fenômenos, incluindo dois ex-oficiais militares.
Os legisladores afirmaram que as muitas questões sobre os óvnis mostram a necessidade de o governo estudar o tema de forma mais aprofundada — e compartilhar as descobertas com os americanos.
“Há algo lá fora”, disse o deputado republicano Andy Ogles, do Tennessee. “A questão é: isso é nosso, de outra pessoa ou de outro mundo?”
A discussão incluiu perguntas sobre inteligência alienígena, pesquisas militares com tecnologia extraterrestre e preocupações de que potências estrangeiras possam estar usando aeronaves secretas para espionar instalações militares dos EUA.