Investigação sobre a atuação ilegal da Polícia Rodoviária Federal para impedir o fluxo de eleitores no Nordeste no segundo turno das eleições de 2022
A Polícia Federal concluiu mais uma investigação que aponta suposta atuação da Polícia Rodoviária Federal para impedir o fluxo de eleitores no Nordeste no segundo turno das eleições de 2022 e indiciou quatro ex- diretores e coordenadores do órgão por envolvimento em crimes relacionados ao caso.
Anteriormente, a PF já havia indiciado o ex-diretor da PRF Silvinei Vasques, que ficou quase um ano preso.
Na manhã do segundo turno, em 30 de outubro de 2022, a PRF montou blitze e barreiras policiais no interior do Nordeste. A investigação da PF aponta que esse planejamento foi montado sem justificativa técnica apenas para tentar dificultar o voto no candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. O fluxo de eleitores foi normalizado depois que o então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, ordenou a Silvinei que interrompesse as blitze.
Com declarado alinhamento ideológico a Jair Bolsonaro (PL), Silvinei já foi acusado de politizar a direção do órgão e desviar as funções da PRF para atender aos interesses do ex-presidente.
“A Polícia Rodoviária Federal atuou no dia 30/10/2022 em absoluta dissonância dos princípios democráticos do país ao criar barreiras físicas, mediante uso da força policial, para restringir o acesso do eleitor nordestino às suas sessões eleitorais”, escreveu a PF.
Prossegue a PF: “A alocação de policiais, em desvio de finalidade, teve o fim específico de restringir, impedir ou dificultar, com emprego de violência física e psicológica, o exercício de direitos políticos por nordestinos, a configurar a ocorrência do crime previsto no art. 359-P do CP [Código Penal]”. Após a conclusão pela PF, cabe agora ao Ministério Público decidir sobre a apresentação de uma denúncia à Justiça.
Foi indiciada ainda uma quinta pessoa, Bruno Nonato dos Santos Pereira, ex-coordenador de Inteligência e Contrainteligência da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), sob a acusação de envolvimento nos fatos.
Eles foram acusados dos crimes de desobediência, prevaricação, restrição ao exercício do direito de voto e participação por omissão no crime de tentativa de abolição do Estado democrático de Direito por meio da restrição do exercício dos poderes constitucionais.
Veja quem são:
- Luis Carlos Reischak Júnior – ex- diretor de Inteligência da PRF na gestão Silvinei e ex-superintendente no Rio Grande do Sul);
- Rodrigo Cardozo Hoppe – ex- coordenador de Inteligência na diretoria de Inteligência da PRF);
- Djairlon Henrique Moura – ex- diretor de Operações da PRF na gestão Silvinei);
- Adiel Pereira Alcântara – também ex-coordenador de Inteligência da PRF.
A PF aponta que Silvinei Vasques foi o autor intelectual dos atos praticados por seus subordinados.