Matriarca da família envenenada confessa que envenenou vizinha com café

Maria dos Aflitos é acusada de ser cúmplice do marido, Francisco de Assis Pereira da Costa, na morte de dois filhos e cinco netos após eles comerem arroz com pesticida

Mais uma reviravolta no caso da família envenenada no Piauí: mulher de assassino é considerada cúmplice da morte de dois filhos, cinco netos e uma vizinha.

Os casos de envenenamento já tiveram uma outra vizinha presa por cinco meses acusada de assassinar duas das crianças da família. Ela foi solta após laudo comprovar que cajus que ela deu às crianças não foram envenenados.

Maria dos Aflitos Silva, matriarca da família envenenada por pesticida no Piauí

Agora, Maria dos Aflitos Silva, matriarca da família envenenada por pesticida no Piauí, confessou ter matado a vizinha Maria Jocilene da Silva com café envenenado.

Francisco de Assis Pereira da Costaa foi preso no dia 8 de janeiro, na primeira reviravolta no caso

Ao ser perguntada se foi ela que entregou o café à vizinha, Maria dos Aflitos respondeu:

“Foi. Ela mesmo bebeu sem ver”.
Maria dos Aflitos também é suspeita de ser cúmplice do marido, Francisco de Assis Pereira da Costa, que foi preso no dia 8 de janeiro, acusado de envenenar dois filhos e cinco netos de Maria.

Com Francisco já preso, a intenção de Maria era que a morte de Jocilene, por envenenamento, fosse simulada como um suicídio, para que ela adquirisse a culpa de todos os outros crimes e Francisco fosse liberado, explica o delegado Abimal Silva.

“[Acreditava] Que ele ia ser solto. Então, eu fiz isso. Mas eu me arrependo. Me arrependo amargamente”, diz Maria dos Aflitos em depoimento. Ela foi presa na última sexta-feira (31).

Relembre o caso

Comida foi envenenada no dia 1º de janeiro depois de sobrar da noite do réveillon

Cinco pessoas da mesma família morreram após comer arroz com veneno no dia 1º de janeiro. As vítimas fatais são Manoel Leandro da Silva, 18, sua irmã Francisca Maria da Silva, 32, e os filhos dela Maria Gabriela da Silva, 4, Davi Pereira Silva, 1, e Maria Lauane Fontenele, 3.

Outras quatro pessoas foram internadas, mas receberam alta. São elas uma criança de 11 anos (filha de Francisco), uma adolescente de 17 anos (irmã de Manoel e Francisca), além de Maria Jocilene e Francisco.

Francisco de Assis Pereira da Costa foi preso como suspeito. Ele foi acusado de envenenar a família com arroz contaminado por terbufós, um inseticida de alta toxicidade.

A casa onde o crime ocorreu abrigava 11 pessoas. Francisco vivia com sua esposa, Maria dos Aflitos, os seis filhos dela e três netos.

Desprezo e ódio pelos enteados são apontados como a principal motivação. Durante os depoimentos, Francisco teria descrito Francisca com termos depreciativos como “boba”, “matuta” e “inútil”. Ele também chamou os filhos de sua esposa de “primatas” e demonstrou incômodo constante com a presença deles.

Ele teria manifestado a raiva pela enteada no leito de morte. Segundo o delegado, Francisco não escondia o desprezo por Francisca, mesmo quando ela já estava gravemente debilitada no hospital. Esse comportamento reforça a hipótese de um crime premeditado e motivado por sentimentos de raiva.

Dois filhos de Francisca morreram em agosto

Uma análise pericial cinco meses após o crime apontou que os meninos da mesma família mortos em agosto passado foram envenenados com a mesma substância utilizada no arroz. O laudo coloca uma nova suspeita sob Francisco de Assis da Costa, padrasto da mãe das crianças.

Ainda não há um elemento que o coloque diretamente na cena do crime, mas já há informação de que aquelas crianças teriam ingerido outro alimento que não o caju. Ou seja, há um fato novo e, havendo um fato novo, é preciso que se analise toda essa circunstância Silas Sereno Lopes, promotor de justiça, ao Fantástico

O laudo divulgado mostra que Lucélia Gonçalves, presa desde o ano passado acusada de envenenar e matar os dois meninos de 7 e 8 anos pode ter sido detida injustamente. Inicialmente, a investigação apontava que as mortes das crianças teriam ocorrido por conta do envenenamento de cajus em um pé no quintal da mulher, que era vizinha da família. Hipótese da presença de veneno nos cajus que as crianças comeram foi descartada.

Ulisses Gabriel e João Miguel foram vítimas de envenenamento — Foto: Arquivo pessoal

Lucélia deixou a Penitenciária Feminina de Teresina no dia 13 de janeiro. Apesar da liberdade, ela não pôde voltar para a sua casa porque o local foi incendiado por vizinhos na época da repercussão do crime. Em entrevista coletiva na saída da prisão, o advogado da mulher, Sammai Cavalcante, frisou que ela sempre se declarou inocente e que agora seria acolhida na casa de familiares.

Francisca Maria (mãe), Maria Lauane (filha), Igno Davi (filho), Manoel Leandro (irmão) e Maria Gabriela (filha) todos mortos por veneno no arroz

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