Trump confirma que fechará a USAID e retira EUA do Conselho de Direitos Humanos da ONU

Agência é responsável por cerca de 40% de toda a ajuda humanitária aplicada no mundo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta terça-feira (4) que vai fechar a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês). O órgão é responsável por cerca de 40% de toda a ajuda humanitária no mundo.

Trump também assinou, nesta terça-feira, um decreto para a retirada dos EUA do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDHNU). O colegiado é composto 47 membros.

Ao assinar decretos no Salão Oval da Casa Branca, nesta terça-feira, Trump disse que Elon Musk está fazendo um bom trabalho e que a USAID está repleta de fraudes.

O presidente não especificou quais irregularidades existem na agência. Criada no auge da Guerra Fria, a USAID coordena e distribui toda a ajuda dos Estados Unidos enviada para situações de conflitos ou emergências pelo mundo.

Só em 2024, a USAID respondeu por nada menos que 42% de toda a ajuda humanitária do mundo rastreada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Fachada da sede da USAID, a agência de ajuda humanitária dos EUA

Com mais de 10 mil funcionários, a USAID também o maior doador individual do mundo.

No ano fiscal de 2023, os EUA destinaram por meio da agência um total de US$ 72 bilhões (cerca de R$ 420,7 bi) em ajuda humanitária para diversas áreas, incluindo saúde feminina em zonas de conflito, acesso à água potável, tratamentos para HIV/AIDS, segurança energética e combate à corrupção.

Os EUA são de longe o maior doador do planeta de ajuda humanitária — ainda assim, o país gasta, anualmente, menos de 1% de seu orçamento em assistência estrangeira, valor proporcionalmente menor do que diversos países.

Apesar de ser um ator importante no financiamento de ações humanitárias no mundo, a USAID nunca agiu de forma totalmente independente. Ela frequentemente atuou de forma controversa, sendo acusada de operar em colaboração com a CIA e até na desestabilização de governos de outros países.

Em 2002, uma comissão do governo do Peru concluiu que a USAID ajudou a financiar uma política de esterilizações forçadas de mulheres indígenas durante o governo de Alberto Fujimori, nos anos 1990.

Já a assinatura do decreto de retirada dos EUA do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDHNU) acontece no mesmo dia em que Trump recebe o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, em Washington. O líder de Israel tem um posicionamento crítico ao CDHNU. Ele já chegou a acusar a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) de ser anti-Israel e de estar “envolvida em atividades terroristas contra Israel”.

A determinação de Trump vai interromper o financiamento futuro para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês). A agência é a principal agência que fornece ajuda aos palestinos em Gaza.

O governo Joe Biden já havia encerrado o financiamento para o CDHNU enquanto a guerra entre Israel e o Hamas estava em andamento, após acusações de Israel de que alguns funcionários da agência tinham laços com o Hamas.

Esta não é a primeira vez, durante o mandato atual, que Trump corta assistência a programas da ONU. No fim de janeiro deste ano, ele anunciou a suspensão de fundos americanos de repasse à agência da ONU que ajuda imigrantes venezuelanos em Manaus.


Um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *