“Assessoria informal” do governo Lula divulga que integrantes do Itamaraty já travam batalha desde novembro, nos Estados Unidos, para explicar a importância do STF
Integrantes de diferentes alas do Supremo Tribunal Federal veem o assédio de Elon Musk e de parte da base de Donald Trump contra o ministro Alexandre de Moraes como um ataque institucional à Corte e passaram a cobrar uma reação diplomática formal que ressalte a relação histórica e a tradicional cooperação entre os dois países, informouna tarde dessa terça-feira (25) o grupo que mais fatura com publicidade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo a funcionária do sistema Globo, Daniela Lima, esses ministros estão cientes de que o eventual envolvimento do Itamaraty embute, em si, uma armadilha, mas afirmam que não é possível apenas “assistir” ao que chamam de “diversas frentes de constrangimento institucional” sem reagir.
O informe diz que um integrante oculto da Primeira Turma, da qual Moraes faz parte, diz enxergar na empreitada para desgastar e constranger o ministro “parte de um plano maior de constrangimento do Supremo e do Judiciário”. “O pano de fundo é jogar para minar a força e a autoridade do Supremo. Neste momento, independentemente de concordar ou não com as posições jurídicas de Moraes, há algo que vem na frente: a instituição.”
Segundo o grupo Globo, o mesmo ministro cobra uma ação diplomática formal e, em conversa com outros integrantes da Corte, relembrou que os ataques de Musk em sua rede social não podem ser vistos como algo isolado. Há, por exemplo, um projeto em trâmite no Legislativo americano para impedir a entrada de Moraes nos Estados Unidos.
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Musk, nomeado como colaborador por Trump, tem acesso a dados da Receita Federal americana e usou sua própria rede para disseminar informações de um perfil anônimo que citava, sem indicar qualquer ilicitude, supostas retiradas de investimentos de Moraes dos Estados Unidos.
Através do grupo Globo, os ministros ocultos do STF dizem que o ministro, relator dos inquéritos que afligem Jair Bolsonaro e seus aliados, está “firme e sereno em sua posição”.
Daniela Lima afirma que a Corte enviou um recado de que vê a necessidade do envolvimento formal da diplomacia americana.
Sem dizer que foi recado, Daniela faz referência à existência de uma série de processos movidos pelo governo dos Estados Unidos, inclusive pedidos de extradição, que tramitam no Judiciário brasileiro.
A política de reciprocidade, no entendimento dessa ala, precisa alcançar o respeito à autonomia do Judiciário nacional.
Essa ala do STF reconhece que um eventual envolvimento do Itamaraty seria usado para politizar a crise. “Mas o que vamos fazer? Temos que usar os instrumentos que a lei e as instituições nos dão. É assim que estão fazendo (a extrema-direita) na Europa. A resposta precisa ser diplomática, porque o ataque é diplomático”, encerra o ministro, segundo a autora da postagem.
A jornalista também cita, sem identificar as fontes, que Integrantes do Itamaraty relatam ao blog que travam uma “batalha nos bastidores, nos Estados Unidos, para explicar a importância do Supremo na defesa da democracia no Brasil”.
Segundo essa fonte, o trabalho de defesa da imagem da corte está em marcha desde novembro de 2024. Ele inclui conversa com formadores de opinião e integrantes do congresso americano.
Daniela Lima arremata a mensagem dizendo que agora, o Itamaraty reconhece que, do outro lado, há forte pressão de grupos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro para armar uma ação do presidente ou do governo americano contra o ministro Alexandre de Moraes.
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