Empresa também cita aumento das despesas judiciais. Ontem, os Correios divulgaram medidas para conter gastos
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, presidida por Fabiano Silva dos Santos atribuiu o prejuízo bilionário registrado em 2024 à chamada “taxa das blusinhas”, criada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu ministro da Fazenda, Fernando Hadda.
O governo diz ter sido a taxa “uma demanda do varejo nacional”, mas que, segundo Fabiano, “teve impacto positivo para o setor, mas negativo para os Correios”.
O resultado financeiro, com um rombo de R$ 2,6 bilhões, foi divulgado na edição da última sexta-feira (9) do Diário Oficial da União (DOU). O prejuízo foi quatro vezes maior que o de 2023, quando foi registrado um rombo de R$ 597 milhões.
Nesta segunda-feira (12), a empresa anunciou aos empregados um conjunto de medidas para conter gastos, que nãoagradaram aos especialistas do setor que nãoveemcom bons olhos as ações.
No documento, os Correios reforçam que o desempenho do ano passado “é reflexo, principalmente, da queda nas receitas com encomendas internacionais – impactadas por mudanças no mercado – e do aumento nas despesas da empresa, com destaque para precatórios e contingências judiciais”.
Ontem, funcionários dos Correios que receberam nesta segunda-feira (12) uma circular com medidas para conter o rombo nas contas da estatal, denunciam que o caminho para recuperar a empresa segue no caminho inverso.
Servidores estão assustados com a paralisação de serviços de entrega de cargas, encomendas e correspondências pela empresa. Segundo funcionários que não querem ser identificados a empresa esconde problemas mais graves. Entre eles, a paralisação quase total nos serviços de entrega noturnos por aviões e diurnos por transportadoras terrestres terceirizadas.
A estatal estima que o plano de redução de despesas gere economia de até R$ 1,5 bilhão em 2025.
Em nota,os Correios afirmam enfrentar um “legado de sucateamento com investimentos e modernização”.
Nota dos Correios sobre resultado financeiro de 2024:
Os Correios enfrentam legado de sucateamento com investimentos e modernização
Diante de críticas ao resultado financeiro de 2024, os Correios reafirmam seu compromisso com a recuperação econômica e a modernização da empresa. Após anos de abandono e sucateamento, a estatal iniciou uma ampla agenda de transformação, com foco em eficiência, sustentabilidade e inovação. Os resultados positivos que nos antecederam decorreram, principalmente, da retirada de direitos dos trabalhadores – o que gerou um passivo judicial sem precedentes para a atual gestão.
Mesmo com o cenário adverso – marcado por queda nas receitas internacionais e aumento de despesas judiciais herdadas de gestões anteriores – os Correios investiram R$ 830 milhões no último ano, renovando frota, modernizando a infraestrutura e ampliando sua capacidade tecnológica.
A frustração de receita observada em 2024 decorre exclusivamente dos efeitos do novo marco regulatório das compras internacionais — uma demanda do varejo nacional que teve impacto positivo para o setor, mas negativo para os Correios.
Como resposta, a empresa lançou um plano robusto de redução de despesas, com expectativa de economia de até R$ 1,5 bilhão em 2025. Entre outras medidas, estão o lançamento de um marketplace próprio e a ampliação do market share internacional.
Além disso, os Correios firmaram parceria com o New Development Bank (NDB) para captar R$ 3,8 bilhões em investimentos. O processo está em andamento.
A estatal reafirma seu papel como braço logístico do Estado, presente em mais de 5 mil municípios e essencial em momentos críticos, como o apoio à população do Rio Grande do Sul. Os Correios seguem focados em garantir sua sustentabilidade, sem abrir mão de sua missão pública de integrar o Brasil.

