Lula usa “rede nacional” para dar desculpa esfarrapada sobre interferência e dissimular taxa de Trump

Presidente chamou para entrevistas exclusivas as maiores redes de TV sem precisar usar uma “cadeia nacional de rádio e TV”

Por Victório Dell Pyrro

O nome é sugestivo e talvez Lula não tenha usado uma requisição de “cadeia nacional de rádio e TV” pelo nome inicial por onde amargou dois anos em cana.

Mas não foi pelo nome apropriado que o ex-detento deixou de usar a “cadeia”, nesta quinta-feira (10). Foi pura malandragem, para não parecer ser tão importante a crise que ele gerou com nosso segundo maior parceiro comercial. A taxa de 50 % sobre as importações americanas de produtos e serviços brasileiros, apesar de justificada por Trump, como retaliação a uma perseguição política, está mesmo relacionada a poder. Trump ficou tiririca com Lula depois das falas na reunião dos Brics e na sequência começou a criticar abertamente as instituições como o governo e o STF. Usou Bolsonaro sim, mas em falas para jornalistas americanos deixou claro que não quer uma outra moeda substituindo a base das transações internacionais. Trump disse que o Brics é fraco, mas declarou que não vai permitir o que Lula quer fazer com o Brics. Trump disse que eles podem jogar, mas que também sabe jogar e meteu 10% de cara para quem estiver no Brics.

Na sequência, Lula voltou a criticar os EUA e Trump. O brasileiro disse que iria fazer e acontecer e fez. Trump se irritou mais ainda e pimba: 50% na cara do Brasil.

Daí, Lula recorreu a emissoras como a Globo e a Record, e aí usou o velho truque do óleo de Peroba. Na maior cara de pau deixou a experiente Deliz Ortiz cansada com suas lorotas. Lula disse que não aceita interferência externa. Deliz Ortiz questionou então porque ele foi visitar uma presidiário por corrupção na Argentina, a Cristina Kirchner, e usou um cartaz exigindo liberdade para a corrupta. Lula não titubeou e deu um olé. Respondeu que foi visitar a presa domiciliar com autorização da Justiça Argentina, enrolou a jornalista e não explicou porque o cartaz estava em sua mão interferindo em decisão judicial alheia, de país alheio, assim tal qual Trump fez em sua carta que pediu o fim da perseguição a Bolsonaro.

Lula fez o mesmo e brada que não pode ser feito o que ele mesmo acabou de fazer na semana passada. Muito óleo de Peroba. Ortiz demonstrou exaustão.

Na entrevista, Lula negou que o Brics foram o real fator para a taxação americana, mas dobrou a aposta disse que “nós estamos discutindo inclusive a possibilidade de ter uma moeda própria, ou quem sabe com as moedas de cada país a gente fazer comércio sem precisar usar o dólar“, como se nossa economia pudesse cortar relações com os EUA. A Embraer deve estar de cabelo em pé. Só nada menos que 60% de suas vendas são para os norte-americanos.

E Lula foi além. Acusou, sem provas, Jair Bolsonaro de tentar tirar a vida dele. Citando um plano de assassinato dele e de Moraes, Lula disse que quem acusou foi Mauro Cid, ex- ajudante de ordens de Bolsonaro. Mentira.

Lula em entrevista na Globo

Na verdade, o advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, afirmou que Cid havia confirmado que Bolsonaro “sabia dos planos de matar Lula e outras autoridades”, e que “comandava essa organização” .

Pouco depois, porém, o advogado fez uma retificação, dizendo que não se referia a um “plano de morte”, e sim à execução de um plano mais amplo — ou seja, um golpe — sem comprovar envolvimento direto em assassinato.

Cid afirmou à PF que o advogado havia se confundido, e que ele próprio não tinha certeza se Bolsonaro sabia do plano de matar Lula .

Ele negou ter conhecimento direto de qualquer intenção de execução de autoridades.

Lula se sentia gigante em sua entrevista e voltou a atacar Trump. Disse que “Se tivesse o Capitólio aqui e o Bolsonaro tivesse feito o que fez com o Trump nos Estados Unidos, ele também estaria sendo julgado. Porque a lei aqui no Brasil é para todos de verdade. Doa a quem doer”, atacando Trump e a Justiça americana. Um “gigante” diplomático em meio a pior crise econômica entre Brasil e EUA.

Lula em entrevista na Record

À Record, Lula também chamou de “afronta” a carta pública que Trump usou na quarta-feira para informar o governo brasileiro sobre o tarifaço e disse ser “inadmissível” que interesses externos se sobreponham à soberania brasileira. Nisso Lula tem razão. Trump tratou o governo de Lula com o mesmo desprezo que Lula vem tendo ao longo dos dias desde que Trump assumiu a presidência dos EUA.

Na carta, publicada por Trump na rede dele, a Truth Social, o republicano atribuiu a medida à política comercial “injusta”, o que é mentira, mas também citou “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos” e o julgamento no Supremo Tribunal Federal do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu acusado de tentar dar um golpe para reverter a derrota eleitoral de 2022.

Na Record, Lula tentou tirar o corpo fora e se livrar da culpa de estar provocando Donald Trump antes e depois de ser taxado.

Para Lula, Bolsonaro deveria “assumir a responsabilidade” pelo tarifaço, já que teria endossado a medida. “Aliás, foi o filho dele que foi lá fazer a cabeça do Trump”, disse sem a menor vergonha, referindo-se ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está desde março nos Estados Unidos e tem feito lobby em benefício do pai e seus apoiadores junto a políticos americanos conservadores. Lula sabe que isso tudo é pano de fundo. Sabe que Trump quer dinheiro e usa a história da perseguição para conseguir negociação comercial que é o que realmente interessa.

Resta saber agora qual será a reação de Trump e se Lula vai conseguir afundar de vez a relação comercial com os EUA.


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