Pesquisa mostra melhora na popularidade de Lula fora de sua base tradicional. Maioria diz que Trump está errado ao tarifar Brasil
A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (16), revela uma leve reação positiva nos indicadores de governo e do presidente Lula, em meio à crise gerada pelo anúncio de imposição de tarifas de 50% por parte dos EUA.
A recuperação foi impulsionada principalmente por eleitores urbanos, com maior escolaridade, na faixa de renda média e no sudeste, além de maior percepção de que Trump agiu de forma errada.
A margem de erro relativamente pequena (±2 pontos) confere robustez aos dados, ainda que indiquem uma situação competitiva e volátil — com melhora, mas ainda com mais desaprovação do que aprovação.
Realizada de 10 a 14 de julho de 2025, com 2.004 entrevistas presenciais em 120 municípios do Brasil. A margem de erro é de ±2 pontos percentuais, com **nível de confiança de 95%
Foi o primeiro levantamento após o anúncio do “tarifaço” de Donald Trump, que planeja impor 50% de tarifas sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto .
Avaliação do governo e do presidente
Governo Lula:
Desaprovação: 53%, recuo de 4 pontos em relação a maio (de 57%) .
Aprovação: 43%, alta de 3 pontos (anteriormente 40%) .
Não sabe/não respondeu: 4% .
A diferença entre desaprovação e aprovação caiu de 17 para 10 pontos percentuais, o menor intervalo desde janeiro .
Avaliação pessoal do presidente Lula:
Desaprovação pessoal: 53%, queda de 4 pp (antes 57%) .
Aprovação pessoal: 43%, subiu 3 pp (estava em 40%) .
Impacto do “tarifaço” de Trump
72% dos entrevistados acreditam que Trump está errado ao impor tarifas, especialmente por suposta “perseguição a Bolsonaro” .
79% veem que o aumento tarifário prejudicará a vida dos brasileiros .
Sobre o posicionamento: 44% disseram que Lula e o PT estão fazendo o que é certo no embate; apenas 29% defenderam a posição de Bolsonaro e aliados, e 15% apontaram “nenhum dos dois” .
55% dos brasileiros afirmaram que Lula provocou Trump durante a cúpula do Brics, enquanto 31% discordaram .
Perfis e segmentos com maior oscilação
Região Sudeste:
Aprovação subiu de 32% para 40%
Desaprovação caiu de 64% para 56% .
Gênero:
Mulheres: aprovação subiu de 42% para 46%, desaprovação caiu de 54% para 49%
Homens: aprovação se manteve em 39%, desaprovação recuou 1 ponto (de 59% para 58%) .
Escolaridade:
Ensino superior completo: aprovação de 33% → 45%, desaprovação de 64% → 53% .
Ensino médio completo: pequenos ajustes ou estáveis.
Até ensino fundamental: aprovação 51%, desaprovação 42% .
Renda:
Até 2 salários mínimos: praticamente estáveis (aprovação ~46%, desaprovação ~49%)
De 2 a 5 salários: aprovação de 39% → 43%, desaprovação de 58% → 52%
Acima de 5 salários: aprovação de 33% → 37%, desaprovação de 64% → 61% .
Beneficiários do Bolsa Família: aprovação de 51% → 50%, leve recuo;
Não beneficiários: aprovação de 37% → 41% .
Religião:
Católicos: aprovação subiu de 45% para 51%, desaprovação caiu de 53% para 45%
Evangélicos: aprovação caiu de 30% para 28%, desaprovação subiu de 66% para 69% .
Percepção sobre a economia e preocupações
A percepção de que a economia piorou nos últimos 12 meses caiu de 56% para 46%, sinal de leve otimismo .
No entanto, 80% afirmam que seu poder de compra é menor do que há um ano, praticamente estável (antes 79%) .
56% dizem que hoje está mais difícil conseguir emprego do que há um ano .
Principais preocupações:
Violência: 25% (era 27%)
Problemas sociais: 20% (era 19%) .
Interpretações e contexto
Como destacou o CEO da Quaest, Felipe Nunes, o embate com Trump impulsionou a recuperação da popularidade de Lula, reduzindo o saldo negativo de ‑17 pontos para ‑10 .
A recuperação se concentrou fora das bases tradicionais de apoio: entre classe média, mais escolarizados e Sudeste – segmentos mais expostos aos efeitos do tarifaço e à narrativa de defesa da soberania nacional .

