Indícios fortes da saída do ministro do STF já faz Planalto pensar na indicação de Dantas, Messias, Pacheco e Carvalho
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, tem sinalizado a aliados a possibilidade de antecipar sua saída da Corte antes da aposentadoria compulsória, prevista para março de 2028, quando completa 75 anos.
O gesto surpreende o meio jurídico e político, e ocorre em meio a um clima de frustração com a conjuntura interna do tribunal, marcada por tensões crescentes entre ministros e impasses em decisões centrais.
O movimento surge após Barroso ter seu visto de entrada nos Estados Unidos suspenso e a ameaça de Trump de aplicar a lei Magnitsky ao ministro e sua esposa.
O ministro é observado de perto por Trump por declarações antidemocráticas se posicionando em lado político, como em falas públicas onde declarou ter vencido o bolsonarismo e “perdeu mané” ao rebater adversário de outra corrente ideológica.
Segundo fontes próximas ao magistrado, Barroso estaria também desanimado com a perda de coesão no Supremo e com o esvaziamento de sua liderança, especialmente após episódios recentes envolvendo Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Flávio Dino, considerados hoje os vértices de poder mais influentes da Corte. A atuação do Supremo em pautas sensíveis também tem sido alvo de críticas públicas e silenciosas, inclusive dentro do próprio Judiciário.
Diante da possibilidade real de vacância no STF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já discute nos bastidores os nomes mais viáveis para uma eventual indicação. Quatro nomes despontam com força: Bruno Dantas, atual presidente do Tribunal de Contas da União (TCU); Jorge Messias, advogado-geral da União; Rodrigo Pacheco, presidente do Senado; e Vinícius de Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União (CGU).
Nomes em disputa
Bruno Dantas tem sólida articulação nos bastidores do Judiciário e no Congresso. Com trânsito no Supremo e apoio de ministros influentes, o presidente do TCU conta ainda com o endosso de setores relevantes do empresariado, especialmente após sua atuação durante as crises orçamentárias do governo federal.
Jorge Messias, chamado de “Bessias” em referência à crise institucional de 2016, é o nome mais próximo de Lula. Com formação sólida e perfil jurídico técnico, Messias atua como articulador da defesa dos interesses do Planalto no STF e conta com a simpatia do ministro Ricardo Lewandowski.
Rodrigo Pacheco, por sua vez, representa uma opção mais política. Embora negue publicamente qualquer interesse, interlocutores do presidente do Senado confirmam que ele já foi sondado pelo entorno de Lula, especialmente como forma de abrir espaço para mudanças no comando da Casa e reforçar o alinhamento entre Executivo, Legislativo e Judiciário.
Vinícius de Carvalho, menos conhecido do público, é considerado um nome discreto, técnico e de confiança de Lula. Tem se destacado na CGU pela condução de investigações sensíveis e é visto como alternativa de baixo risco político.
O desgaste de Barroso
Luís Roberto Barroso chegou à presidência do STF com o objetivo de resgatar a imagem institucional da Corte e pacificar tensões herdadas dos últimos anos. No entanto, sua gestão tem sido marcada por dificuldades em conter disputas internas e resistências veladas à sua condução. A relação com Moraes, hoje fortalecido pelo apoio do governo e pelo protagonismo nos inquéritos das milícias digitais, é apontada como um ponto de atrito silencioso.
A eventual saída de Barroso abriria caminho para uma mudança profunda na composição da Corte. Lula já indicou quatro dos atuais ministros (Carmem Lúcia, Dias Toffoli, Zanin e Dino) e, com uma nova vaga, pode consolidar uma maioria silenciosa com perfis jurídicos alinhados ao seu projeto político.
A possível saída precoce do atual presidente, contudo, também levanta preocupações sobre a instabilidade na mais alta instância do Judiciário. A última renúncia antecipada de um ministro do STF foi a de Joaquim Barbosa, em 2014.
Procurado, o Palácio do Planalto não comentou oficialmente o tema. Fontes próximas a Lula afirmam que qualquer movimentação dependerá da decisão formal de Barroso e do momento político, especialmente às vésperas da COP30, evento no qual o governo busca recuperar credibilidade internacional, mas patina na corrupção e desorganização.
No STF, ministros evitam se pronunciar publicamente, mas reconhecem que a sucessão já é assunto recorrente nos bastidores.
Se confirmada, a saída de Barroso poderá ser o movimento mais importante no tabuleiro jurídico desde o início do terceiro mandato de Lula. Com ela, o presidente consolidaria um poder sem precedentes na definição do futuro da mais alta Corte do país.

