O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) , Celso Vilardi lembrou aos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que Bolsonaro determinou a transição para o governo Lula, em 2022 e que a transição e a posse ocorreram pacificamente. Na visão da defesa, isso contraria a acusação de que houve tentativa de golpe.
O advogado afirmou que ex-presidente ainda agiu para fazer a ponte entre José Múcio, ministro da Defesa nomeado pelo novo governo, e os militares.
“A prova produzida pela defesa mostra que o presidente Bolsonaro determinou uma transição”, afirmou Celso Vilardi.
“Presidente Bolsonaro não tem absolutamente nada a ver com Punhal Verde e Amarelo, com Copa 22, com 8 de Janeiro”, completou.
Segundo Vilardi, o ex-ajudante de ordens e delator tenente-coronel do Exército, Mauro Cid não é “confiável” e que mudou de versão diversas vezes em seus interrogatórios. Para ele, as contradições do tenente-coronel são motivos para anulação da colaboração premiada.

“Ele apresentou uma versão e alterou essa versão”, afirmou Vilardi.
O advogado criticou a maneira como a PF disponibilizou as provas colhidas e disse que a defesa recebeu 70 terabytes de dados.
“Nós não tivemos o tempo que a Polícia Federal e o Ministério Público tiveram [para analisar as provas]. São bilhões de documentos. Eu não conheço a íntegra desse processo”, declarou.
Vilardi afirmou que, após o período de instrução penal, a defesa foi notificada que houve uma falha no arquivo do general Mário Fernandes e, portanto, não conseguiu acessá-lo. O general admitiu ter elaborado o plano “Punhal Verde e Amarelo”, no qual se estudava matar o presidente Lula e outras autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes.
“Esse papel, essa minuta, essa questão, esse depoimento, não há uma única prova que atrele o presidente [ao plano] Punhal Verde e Amarelo, à Operação Luneta e ao 8 de Janeiro. Aliás, nem o delator, que mentiu contra o presidente da República, nem ele chegou a dizer participação em Punhal, em Luneta, em 8 de janeiro”, afirmou.

