O diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), Caio Mário Trivellato Seabra Filho, que foi preso na manhã desta quarta-feira (17) em uma operação da Polícia Federal que investiga um esquema de corrupção, crimes ambientais e lavagem de dinheiro no setor de mineração em Minas Gerais, tem ligações diretas com o ministro de Minas e Energia, .
Caio Seabra foi indicado para o cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a pedido de Silveira em outubro de 2023, após ocupar cargos menores na própria ANM, como assessor de Resolução de Conflitos e superintendente de Ordenamento Mineral. Sua indicação foi sabatinada e aprovada pelo Senado Federal em dezembro de 2023. O parecer favorável na Comissão de Infraestrutura foi do então senador licenciado e atual ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, aliado político que mantém relação próxima com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Além da indicação, fontes próximas apontam que Caio Seabra teve apoio direto e apadrinhamento político do ministro Alexandre Silveira, que tem forte influência sobre cargos indicados dentro do setor de mineração, dado seu histórico político em Minas Gerais e poder no Ministério de Minas e Energia. Essa relação teria fortalecido sua nomeação e facilitado sua ascensão na estrutura da ANM.
No ministério, fontes indicam que Caio é “braço direito” na ANM e homem de confiança de Silveira dentro da diretoria colegiada da agência.
Durante a operação, a Polícia Federal afirmou que Caio Seabra agia coordenadamente com uma organização criminosa que fraudava licenças ambientais, manipulava normas e favorecia empresas ligadas ao esquema criminoso, especialmente a empresa Aiga Mineração, responsável por apropriar-se de bens minerais de alto valor, como rejeitos de minério na Mina Capanema, avaliados em várias centenas de milhões de reais.
Outro preso nas investigações também perambulava frequentemente pelo Ministério de Minas e Energia comandado por Silveira.
Rodrigo de Melo Teixeira, que é ex-diretor da PF foi preso também. Ele estava lotado como diretor de Administração e Finanças no Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM), órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia. A investigação aponta que ele seria administrador oculto de uma empresa de mineração e manteve negócios com outros alvos da operação enquanto exercia cargo na PF.
Rodrigo de Melo Teixeira também foi indicado por Alexandre Silveira, para integrar o Comitê de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (CSMS) da Petrobras, Conhecido como integrante do grupo político dos “silveirinhas”, Rodrigo teve sua carreira fortemente marcada por sua origem e atuação em Minas Gerais, estado natal tanto dele, quanto do ministro Silveira.
Já a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), que exerce a função do Serviço Geológico do Brasil, é uma empresa governamental vinculada diretamente ao Ministério de Minas e Energia (MME). A CPRM tem como missão realizar levantamentos geológicos, geofísicos, geoquímicos, hidrológicos e hidrogeológicos, além de gerir e divulgar informações essenciais para o desenvolvimento sustentável do país.O Serviço Geológico do Brasil – SGB/CPRM atua sob a supervisão do MME, que define diretrizes estratégicas e acompanha os resultados dos trabalhos realizados. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é o principal responsável político pela CPRM e pelo SGB, mantendo interlocução direta com sua diretoria e supervisionando ações em temas como prevenção de desastres, gestão de recursos hídricos e políticas de mineração.
A operação, denominada “Rejeito”, envolveu o cumprimento de várias ordens judiciais de prisão preventiva, busca e apreensão, além do afastamento de servidores públicos investigados por envolvimento direto no esquema. Caio Seabra foi afastado da função enquanto as investigações prosseguem.
Até o momento, a ANM reafirmou seu compromisso com a legalidade e a transparência, porém não houve comunicação oficial sobre medidas administrativas envolvendo seus servidores.
Caio Seabra era diretor titular da ANM desde dezembro de 2023, com mandato previsto até dezembro de 2026.
A prisão do diretor da ANM e do ex-policial federal e suas ligações com o ministro de Minas e Energia revelam a profundidade política e administrativa do esquema criminoso que está sendo investigado, envolvendo dirigentes públicos e empresários do setor mineral.
O ministro Silveira disse hoje, mais cedo, que nomeações seguem ritos próprios e que não têm a sua interferência.

