Grupo usava imóveis no bairro Parque Eldorado, em Duque de Caxias
A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou uma grande operação nesta terça-feira (30), para combater o furto de petróleo e derivados em dutos da Transpetro, subsidiária da Petrobras.
A ação envolveu equipes especializadas, foi resultado de meses de investigação e também mirou o roubo e a adulteração de óleo lubrificante em diversos municípios do estado, especialmente na Baixada Fluminense.
A operação foca em desmantelar um esquema que desviou clandestinamente petróleo bruto de dutos da Transpetro, causando prejuízos superiores a um milhão e meio de reais para a estatal.
As investigações começaram em dezembro de dois mil e vinte e três, após técnicos identificarem movimentação suspeita no duto Orbig, em Queimados. No local, policiais encontraram uma derivação subterrânea camuflada por concreto e vegetação, conectada por mangueiras e válvulas, que permitia o desvio do produto.
Os criminosos usavam empresas de fachada, veículos registrados em nome de terceiros e imóveis utilizados como refinarias clandestinas para beneficiar e vender o petróleo furtado. No transporte, caminhões-pipa, automóveis e motocicletas eram empregados para distribuir o material, elevando os riscos tanto para os envolvidos quanto para o meio ambiente, devido à possibilidade de incêndios, explosões e danos ambientais graves.
Entre os principais suspeitos estão Clebson Aquilino Alves, seus familiares, e Elton Nunes de Andrade, réu reincidente em furtos de combustíveis. O grupo utilizava contas bancárias e locações feitas por terceiros para dificultar a identificação. Os líderes já haviam sido alvos de diversas operações policiais ao longo dos anos, mas persistiam no crime mesmo após medidas cautelares anteriores. Três mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Duque de Caxias, inclusive em imóveis ligados ao esquema.
Além do prejuízo financeiro, especialistas alertam que esse tipo de crime traz riscos de desabastecimento energético e ameaça a segurança dos trabalhadores e da população próxima aos dutos. O furto de petróleo por perfuração – chamado de “trepanação” – implica em riscos ambientais sérios, já que os dutos passam próximos ao Rio Paraíba do Sul, fonte de água para milhões de pessoas.
Segundo a Polícia Civil, o esquema utilizava comunicações criptografadas e tentava ocultar patrimônios dos envolvidos, evidenciando o alto nível de sofisticação da quadrilha. Empresas de fachada eram criadas para licitar contratos e lavar dinheiro conseguido com a venda ilegal de combustível.
Até a manhã desta terça-feira, não havia novos relatos oficiais de prisões, mas ao longo do ano, operações similares já resultaram na prisão de integrantes das quadrilhas e na apreensão de documentos, equipamentos e veículos utilizados para o furto. A Justiça expediu mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra os chefes do grupo, inclusive em Minas Gerais, onde parte da quadrilha atuava em cidades vizinhas ao Rio de Janeiro.
A Transpetro tem intensificado medidas de monitoramento e segurança nos dutos para tentar impedir novos furtos. O setor de segurança da empresa, em parceria com as forças policiais, conseguiu evitar desastres ambientais em operações anteriores e segue colaborando nas investigações.
A operação ainda está em andamento e novas informações poderão surgir conforme o desdobramento das investigações e eventuais prisões

