O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) expediu, em 1º de outubro de 2025, um mandado de prisão contra o médico Wesley Noryuki Murakami da Silva, condenado por provocar deformações permanentes em pacientes durante procedimentos estéticos realizados entre 2013 e 2018 em clínicas de Goiânia (GO) e Brasília (DF).
Em novembro de 2023, Murakami foi sentenciado a 9 anos e 2 meses de prisão em regime fechado por lesão corporal gravíssima contra nove pacientes — oito mulheres e um homem — que tiveram seus rostos e glúteos severamente deformados após intervenções com uso irregular de polimetilmetacrilato (PMMA).
Apesar da ordem judicial, até o momento o médico não foi localizado pela Polícia Civil de Goiás, que segue em diligências para efetuar a prisão. Antes do mandado, ele respondia em liberdade à ação, pois recorria da sentença e pedia cumprimento da pena em regime aberto. Todavia, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) indeferiu o pedido na última semana, determinando o cumprimento da pena em regime fechado.
Desde 2013, Murakami aplicava PMMA em procedimentos estéticos não autorizados, causando lesões graves nas vítimas. A Anvisa restringe o uso do PMMA para casos específicos de deformidades provocadas por doenças graves, e somente por profissionais habilitados, situação que não ocorria com Murakami. O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) cassou seu registro profissional em 2024 após processo ético-profissional.
Em 2018, ele já havia sido preso temporariamente e condenado a indenizar uma vítima em R$ 24 mil por danos estéticos permanentes. Em setembro de 2024, foi condenado a dois anos e três meses por causar “enfermidade incurável” a outra paciente, que também recebeu R$ 16 mil de indenização. Essa sentença ainda tramita no Judiciário .
Vítimas relatam sofrimento físico e psicológico. Uma das mulheres afirmou: “Minha vida mudou para pior. Além da dor constante, a deformação no rosto me causou muito constrangimento social, perdi até o emprego. Jamais imaginei que um procedimento estético poderia destruir minha autoestima assim.” Outra vítima relatou ter passado por múltiplas cirurgias de reparação, algumas realizadas sem a assistência do médico, agravando seus traumas.
O polimetilmetacrilato (PMMA) é um material conhecido pela aplicação permanente e uso extremamente restrito na estética médica. A Anvisa recomenda seu uso apenas para corrigir deformidades em pacientes que sofreram doenças graves, devendo ser aplicado por profissionais especializados.
O uso inadequado do PMMA pode causar nódulos, inflamações crônicas, necrose e deformidades de difícil correção, como se verificou nos casos atendidos por Murakami. O material, ao ser inserido em locais errados ou em quantidades inapropriadas, desencadeia reações adversas que comprometem gravemente a saúde e a aparência dos pacientes .Repercussão e situação atual.
O caso de Wesley Murakami expõe o risco da realização de procedimentos invasivos por profissionais desqualificados ou que ignoram protocolos sanitários.
Até o fechamento desta reportagem, Murakami seguia foragido, com as autoridades intensificando as buscas para a execução do mandado de prisão e o início do cumprimento da sentença.

