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O caso do envenenamento com feijoada que resultou na morte do aposentado Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, em Duque de Caxias (RJ), tem ganhado um desdobramento chocante e complexo. Ana Paula Veloso, uma mulher presa em São Paulo, é apontada como a principal executora do crime e foi definida por delegados como uma “serial killer” que matou pelo menos quatro pessoas usando veneno, inclusive o idoso morto na Baixada Fluminense.
Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, Ana Paula teria sido contratada por Michele Paiva da Silva, filha de Neil, que pagou pela viagem de Ana Paula de Guarulhos (SP) ao Rio com o propósito de executar o plano de matar o próprio pai. Ambas estão presas.

Michele foi detida no dia (7), enquanto Ana Paula foi encontrada graças a investigações que começaram após um suposto caso de envenenamento de um bolo em uma faculdade, quando Ana Paula tentou incriminar uma terceira pessoa.
A substância encontrada na casa de Ana Paula é o Terbufos, um tipo de chumbinho considerado mais moderado, utilizado para envenenar as vítimas. O delegado Halisson Ideiao explicou que Ana Paula teria testado o efeito do veneno ao matar cerca de dez cachorros antes de aplicar o método em humanos, demonstrando conhecimento na área da saúde e um comportamento frio e calculista. Ela sabia as dosagens exatas, os sintomas esperados e o tempo que levaria para causar a morte.
A Polícia Civil do RJ iniciou nesta quinta-feira (9), no Cemitério Memorial do Rio, em Cordovil, Zona Norte da capital, a exumação do corpo de Neil. O exame é necessário para comprovar se houve envenenamento.
O delegado afirmou que Michele Paiva da Silva, filha de Neil, financiou a vinda de Ana Paula Veloso de Guarulhos para o Rio para executar o plano de matar Neil. Ambas estão presas — Michele foi pega nesta terça-feira (7).
“Ela confessa que chegou a matar 10 cachorros com esse veneno testando o método, o tempo. Ela sabia exatamente quanto tempo, a dosagem, o que ia acontecer com as pessoas que consumiam aquilo que era oferecido por ela”, afirmou Halisson sobre Ana Paula.

Neil Corrêa da Silva faleceu no dia 26 de abril de 2025, após consumir uma feijoada na própria residência. Ele foi internado no Hospital Adão Pereira Nunes, mas não resistiu. Embora a certidão de óbito indique causas como insuficiência respiratória aguda, cetoacidose diabética, parada cardiorrespiratória e crise convulsiva, a polícia suspeita fortemente do envenenamento. Por isso, foi autorizada a exumação do corpo em 9 de outubro para uma perícia mais detalhada.
Além da morte de Neil, as investigações descobriram uma conexão com outros três envenenamentos em Guarulhos, São Paulo, atribuídos à mesma dupla, configurando um suposto esquema criminoso. Michele e Ana Paula estavam presentes na residência do idoso no momento em que ele passou mal.
A quebra do sigilo telefônico autorizada pela Justiça revelou conversas entre Ana Paula e Michele que indicavam o planejamento do envenenamento, incluindo um diálogo sobre a possibilidade de matar o pai de Michele com a feijoada. Os relatos indicam que pai e filha não mantinham um bom relacionamento, o que reforça a motivação do crime.
Ana Paula também é investigada em São Paulo por outras mortes relacionadas a envenenamento e foi denunciada pelo Ministério Público daquele estado. Michele declarou informalmente à polícia que não cometeu o crime, mas chorou ao ser presa. O caso segue em investigação, com novas diligências, incluindo ouvir testemunhas e completar perícias

