PP veta candidatura de Sergio Moro ao governo do PR em 2026

O diretório do Progressistas (PP) no Paraná decidiu vetar a candidatura do senador Sergio Moro (União Brasil) ao governo do Estado em 2026, apesar de ele aparecer entre os líderes nas pesquisas de intenção de voto.

A decisão, anunciada nesta segunda-feira (8), em reunião em Curitiba, expõe uma fissura na federação União Progressista, formada por União Brasil e PP, que se prepara para sua primeira eleição estadual conjunta.

O encontro do diretório estadual do PP contou com a presença do presidente nacional da sigla, senador Ciro Nogueira, e terminou em consenso contra a ideia de lançar Moro como candidato ao Palácio Iguaçu pela federação.

O presidente nacional do partido, Ciro Nogueira, afirmou que as decisões eleitorais serão tomadas em conjunto e reforçou que a sigla respeitará a deliberação do diretório paranaense. “Jamais ficarei contra a decisão do Paraná”, disse o senador, acrescentando que espera que o impasse não gere desgaste dentro da federação.

Lideranças paranaenses argumentam que o partido pretende preservar a aliança histórica com o grupo do governador Ratinho Junior (PSD) e trabalhar por um nome próprio ou por um aliado direto do atual governo, como o ex‑chefe da Casa Civil Guto Silva.

A reunião que consolidou o veto ocorreu na sede estadual do PP e reuniu dirigentes, parlamentares e lideranças regionais. O presidente do diretório paranaense, Ricardo Barros, explicou que a falta de entendimento com o União Brasil inviabilizou o apoio. Segundo ele, Moro teve espaço para dialogar com as lideranças locais durante sete meses, mas não obteve adesão suficiente. “É o resultado de meses de conversas que não prosperaram”, disse.

O veto ocorre num momento em que Sergio Moro é um dos favoritos nas sondagens. Pesquisa Quaest divulgada em agosto mostrou o senador com 38% das intenções de voto em cenário estimulado para o governo do Paraná, à frente de possíveis adversários de siglas como PT, PSD e Novo.

Essa força nas pesquisas levou a direção nacional do União Brasil a tratar Moro como principal aposta para encabeçar a chapa da federação União Progressista no Estado, posição reiterada em nota em que o partido afirma que insistirá na homologação da candidatura.

O problema é que, embora União Brasil e PP tenham protocolado no TSE a federação União Progressista — que obriga atuação conjunta no plano nacional e em votações legislativas —, os estatutos internos deixam margem para autonomia dos diretórios estaduais na definição de candidaturas.

Na prática, isso permite que o PP paranaense barre o nome de Moro na convenção local, mesmo com pressão da cúpula do União Brasil, criando um impasse jurídico e político que pode ter de ser resolvido pelo próprio TSE ou por um novo acordo interno.

A reação no entorno de Moro foi imediata. Aliados apontam que o movimento do PP enfraquece o discurso de unidade da federação e pode levar o senador a avaliar outros caminhos, como disputar a reeleição ao Senado, migrar de partido ou tentar manter a candidatura ao governo ancorado apenas na parte União Brasil da federação, hipótese que enfrentaria forte resistência dos progressistas.

Para o PP, por outro lado, o recado é que a prioridade é manter espaço no futuro governo estadual em alinhamento com Ratinho Junior, mesmo que isso signifique abrir mão de um postulante bem posicionado nas pesquisas e tensionar a relação com o parceiro de federação.


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