Polícia Civil do Rio pede bloqueio de R$ 600 milhões no Rio, MG e MT
Mais uma fase da Operação Contenção, com foco em um esquema interestadual de lavagem de dinheiro atribuído ao CV (Comando Vermelho) foi realizada por policiais civis nesta terça-feira (16).
A operação é conduzida pela Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais), com apoio da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em Mato Grosso.
A operação cumpre mandados de busca e apreensão, bloqueio de contas bancárias pessoais e empresariais, sequestro de bens móveis e imóveis e um pedido judicial de bloqueio de aproximadamente R$ 600 milhões. As buscas acontecem na capital fluminense, na Baixada Fluminense e em Silva Jardim, além de Juiz de Fora (MG) e Pontes e Lacerda (MT).
Também participam da ação agentes da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), de unidades do DGPE (Departamento-Geral de Polícia Especializada) e policiais civis de Minas Gerais e Mato Grosso. A investigação contou com apoio do Cifra (Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos).
Segundo as investigações, o esquema era estruturado para receber, ocultar, movimentar e reinserir no sistema financeiro valores provenientes de atividades ilícitas. A investigação identificou que Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca”, e Carlos da Costa Neves, o “Gardenal”, teriam papel central na coordenação do fluxo financeiro, com uso de terceiros e de empresas para dissimular a origem dos recursos.
Relatórios de Inteligência Financeira apontaram movimentações incompatíveis com a renda declarada dos investigados. As contas analisadas concentravam grandes volumes de recursos, funcionando como pontos centrais de redistribuição financeira. Parte do esquema utilizava pessoas conhecidas como “mulas financeiras”, responsáveis por realizar depósitos em dinheiro vivo, muitas vezes fracionados e feitos em diferentes agências bancárias, prática associada a métodos de lavagem de dinheiro.
A investigação também identificou o município de Pontes e Lacerda, no Mato Grosso, como um dos principais locais de concentração financeira do esquema, utilizado para movimentar valores longe das áreas de maior visibilidade do tráfico de drogas.
Além do bloqueio de valores, foram sequestrados bens considerados incompatíveis com a renda declarada, incluindo imóveis e uma propriedade rural em Mato Grosso. A apreensão de documentos, mídias digitais, veículos e outros materiais busca aprofundar o mapeamento das movimentações financeiras investigadas.
Desde o início das investigações, mais de 250 pessoas foram presas, 136 suspeitos morreram em confrontos, e houve apreensão de cerca de 460 armas, incluindo 189 fuzis, além de mais de 50 mil munições.
A Operação Contenção integra uma estratégia voltada à repressão das estruturas financeira, logística e operacional da facção Comando Vermelho.



