Nutracêutico de urucum pode combater gordura no fígado, diz Unicamp

Start-up utilizou corante vermelho extraído da planta em pesquisas da Universidade em animais obesos

As pesquisas conduzidas na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas identificaram que o extrato de urucum diminui a inflamação do fígado podendo auxiliar no tratamento para redução de gordura e no controle de colesterol no corpo.

Para disponibilização ao grande público, a empresa-filha da Unicamp, Rubian Extratos, trabalhou no desenvolvimento complementar das tecnologias chegando a um produto nutracêutico, chamado de Colliv, que já está sendo comercializado, com apoio da farmacêutica Infinity Pharma, para farmácias de manipulação

Os pesquisadores da Unicamp, em parceria com a startup criada por ex-alunos da universidade, desenvolveram o nutracêutico à base de urucum que pode ser um aliado no combate específico à gordura no fígado. Criado a partir do extrato da semente da fruta, o produto foi obtido por meio de uma tecnologia patenteada pela instituição de ensino e já está a caminho das prateleiras.

Um nutracêutico é uma categoria de suplemento alimentar feita a partir de alimentos – como o urucum – que têm compostos benéficos para a saúde. O foco do novo produto são pessoas com obesidade ou sobrepeso, fatores de risco para doenças hepáticas.

A pesquisa partiu de uma busca por bioativos presentes na biodiversidade brasileira, e o urucum ganhou destaque pela ação ação antioxidante e anti-inflamatória já mapeada por pesquisas anteriores.

Em 2013, foi realizada uma pesquisa de mestrado utilizando-se um processo chamado extração por dióxido de carbono supercrítico da semente de urucum que, juntamente com o corante, contém um óleo muito rico com dois bioativos chamados tocotrienol e geranilgeraniol, com propriedades muito interessantes e de efeito sinérgico.

Com o óleo da semente de urucum disponível, era necessário entender como o produto poderia agir para beneficiar pacientes. Foi então que a Unicamp foi acionada, e a equipe do professor Mário Roberto Maróstica Júnior, da Faculdade de Engenharia de Alimentos, deu início às pesquisas.

 Para a realização do estudo, os pesquisadores induziram uma dieta hiperlipídica em animais obesos para simular a diabete tipo 2 e, em seguida, passaram a administrar o óleo da semente de urucum. Paralelamente, um segundo grupo de animais não recebeu nenhum tratamento.

Os animais que receberam o óleo de urucum tiveram uma melhora na resposta nos parâmetros hepáticos em relação àqueles que não foram tratados. Então o bioativo foi de importância para melhorar a esteatose hepática em diabete tipo 2 induzida por dieta hiperlipídica.

A principal inovação do nutracêutico é a composição, com ativos carotenoides e terpenoides. Além disso, o produto é obtido por vias naturais, em um processo de extração limpa, e pode ser uma alternativa a medicamentos tradicionais com efeitos colaterais.

Segundo os pesquisadores não foram observados efeitos toxicológicos nas doses estudadas e o produto oferece um tratamento contra uma doença de alto impacto no mundo, sendo um produto genuinamente brasileiro.

O nutricêutico da Unicamp está atualmente em processo de obtenção de registro como suplemento industrial na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

No mercado nacional, diversas marcas de extrato de Urucum são vendidas há anos, mas a novidade da Unicamp é justamente a composição do extrato de Urucum com ativos carotenoides e terpenoides.

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