Descoberta de funcionário como autor do documento da tentativa de denegrir ministros do STF e parlamentares põe senador aliado de Bolsonaro no olho das investigações sobre o Nini.docx
Segundo um relatório da Polícia Federal, o responsável por um outro relatório, este considerado ilegal, apreendido na operação que mirou integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que tentou ligar os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao PCC (Primeiro Comando da Capital), foi advogado Ricardo Wright Minussi Macedo.
Ricardo exerce cargo como funcionário de confiança comissionado no gabinete do senador Alan Rick (União Brasil-AC).
O senador acreano é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo informações da Procuradoria-Geral da República (PGR), e de relatório da PF, que embasaram a Operação Vigilância Aproximada, deflagrada na quinta-feira (25), existia dentro da Abin um núcleo chamado “Operação Portaria 157”.
Os investigadores informaram que os documentos encontrados indicam que o objetivo principal desta “operação paralela” neste núcleo na Abin, era tentar ligar os nomes dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
A descrição inicial da operação seria obter informações de uma ONG, a Anjos da Liberdade, pela “suspeita” de relação com a organização criminosa. O fato que levava a essa desconfiança era o peticionamento de uma medida cautelar à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) com reclamações acerca de violações de Direitos Humanos no Sistema Penitenciário Federal (SPF).
Mas segundo a PF, as intenções eram outras.
: “A questionável motivação inicial estampada nos instrumentos preliminares não é convergente com o real intento das diligências realizadas na Operação “Portaria 157”. Ao contrário, as ações apresentaram viés político de grave ordem representando mais um evento de instrumentalização da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)”, dizem as provas produzidas pela PF para embasar a operação desta quinta.
Informações encontradas no arquivo com o nome “Prévia Nini.docx.” mostram “anotações cujo conteúdo remete à tentativa de associar deputados federais, bem como exmo. ministro relator Alexandre de Moraes e outros parlamentares à organização criminosa PCC. Não somente o ministro relator, mas também com o exmo. ministro Gilmar Mendes houve a tentativa de vinculação com organização criminosa”, diz documento da PF.
As informações coletadas sobre a “Operação Portaria 157” da Abin, consideradas pelos investigadores como sendo para fins políticos foram consideradas gravíssimas por Alexandre de Moraes que autorizou as 21 buscas e apreensões da Operação Vigilância Aproximada.
Alem de integrantes da Abin, a Operação teve como alvo o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), por supostas investigações sem autorização judicial que teriam ocorrido quando ele era diretor-geral da Abin, entre julho de 2019 e março de 2022, durante o governo de Bolsonaro.