Influenciadores digitais estariam envolvidos em divulgação de material produzido ilegalmente pelo “gabinete do ódio” dentro do Palácio do Planalto
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (11) uma nova fase da operação Última Milha que cumpre cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
A operação investiga desde o ano passado, o possível uso ilegal de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar autoridades e desafetos políticos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O grupo teria usado sistemas de GPS para rastrear celulares sem autorização judicial, segundo as investigações.
Entre os alvos estão policiais cedidos para a Abin na gestão Alexandre Ramagem e influenciadores digitais.
Alexandre Ramagem hoje é deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro. Na operação desta quinta, policiais federais cumprem 21 mandados de busca e apreensão, sendo que 18 delas acontecem em Brasília.
O gabinete de Ramagem no Congresso Nacional é um dos dos alvos da operação. Outros mandados estão sendo cumpridos em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
Os influenciadores atuaram no chamado “gabinete do ódio” que teria sido montado pelo vereador Carlos Bolsonaro.
A estrutura de comunicação do Palácio do Planalto disseminaria notícias falsas e ataques à democracia, segundo o inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os mandados foram autorizados pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes que comanda as investigações do inquérito das fake news.
Os investigadores dizem que “membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas“.
“A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos“, diz a PF.
Os crimes investigados são de organização criminosa; tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito; interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.
Em operação anterior no ano passado, foram presos dois servidores da Abin, Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky por supostamente terem coagido colegas para evitar uma possível demissão da Agência.
O software contratado pela Abin e usado de forma irregular era o FirstMile, comercializado pela empresa israelense Cognyte.
Segundo os investigadores, apesar do encerramento formal do contrato em 2021, há indícios de que o uso do sistema se intensificou nos últimos anos do governo Bolsonaro para monitorar ilegalmente servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes e integrantes do STF.